Velho lar.

Atravesso novamente os umbrais

Dessa habitação antiga

Como que revendo uma velh'amiga

Que dividi com meus pais.
*
OH!Quanta desolação

Agora nessas paredes puídas

De emoções remoídas

Que aceleram o coração.
*
Fecho os olhos e deixo o pensamento

Voltar para o passado

Época de contentamento

Reminiscências de um ninho consolidado.
*
Minha irmã vejo na varanda

Com suas bonecas brincando

Sua face branda

Seu riso ecoando.
*
A mãe na cozinha
Preparando a refeição

No quarto a "vozinha"

Tricotando com dedicação.
*
Vejo minha princesa*

Admirando as rosas no canteiro

Sua fagueira beleza

Com as crianças brincando no terreiro.
*
Mas volto à realidade e este lugar
está deserto

Apenas um claudicante cão de guarda
De mim vem para perto

Saltando a custo roçar-me a testa parda.
*
Tudo mudou-se!O outrora belo jardim agora jaz inculto

Megulho os pés nas plantas selvagens ,espalmadas

As borboletas fogem em multicoloridas manadas

A cada passo do meu melancólico e calado vulto.
*
Um enfeite de natal

Balança ao vento na port'arruinada

Um'aranha sua teia de cristal

Estende ao sol,delicada.
*
Passo os dedos na tinta desgastada
Ao longe ouço um mavioso canto
Então não contenho o pranto
Caio de joelhos nos fragmentos da calçada.
*
Levanto e enxugo o rosto

Despeço-me de meu canino companheiro

Engulo a lágrima de desgosto

Até o portão caminho ligeiro.
*
Adeus!Casa de meus pais!

Onde vivi alegre história

A levarei viva na memória

De meu peito sairá jamais.
*
Então por sobre os ombros

Sob a luz do luar

Dirijo um derradeiro olhar

Ao meu velho amigo em escombros.

*Amada.
*

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