Um olhar sinistro de emburrado
corte tigela, é a famosa franja
unha encravada, olhar de safado
saúde de sobra, até esbanja
paparicado, quer ser o centro
as vezes chorão, um pouco são manhas
uniforme escolar, camisa por dentro
vai à escola, um amigo acompanha
se acha bonito e o mais forte
por esse motivo sempre apanha
as vezes bate, as vezes da sorte
não se entende, o próprio se estranha
chega correndo, jogar uma pelada
a mesma roupinha, não tem opção
sempre suja da bola molhada
tênis furado, pé quase no chão
não liga para as dores, depois passa
bater uma bolinha é a diversão
bolinha de gude, a cinta se caça
empina o pipa e roda o peão
uma namoradinha, se gabar para os amigos
fala-se namoro, mas só dão as mãos
nervosismo de moleque, parece castigo
mas não demonstra "eu sou o machão"
apesar de sapeca, o horário é restrito
se passar das seis vai tomar um safanão
se tiver longe, vai escutar o apito
acabou o tal adulto, volta o garotão
um banho meia-boca porque era difícil
um kit-limpeza, bacia, caneca e sabão
nada era fácil, tudo no sacrifício
nem cama se tinha, era só um colchão
os primos pacatos todos caseiros
só ele tinha a fama de ser o doidinho
era tanto sinônimo pra bagunceiro
até um apelido de redemoinho
hoje estou aqui muito feliz e satisfeito
conversando com você espelho meu
fiz na minha infância tudo que tinha direito
porque esse é o doidinho, e o doidinho é eu
Cesar Carvalho