Saudade, jazigo perpétuo das almas que se amam,
Tortura diurna… noturna amargura…
Fruto da árvore impiedosa da desventura,
Onde todos os sonhos dourados se desencantam!
As células inermes do meu corpo inteiro
São invadidas pelos vírus dessa moléstia,
Que chegam rudes, altivos e, sem modéstia,
Partem meu coração com um golpe certeiro!
Quando olho taciturno para o céu escuro,
O que vejo é meu rosto soturno, obscuro,
Sendo engolfado pela boca escancarada
Da solidão que boceja na noite cerrada!
E assim caminho pelas ruas, jogado ao relento,
Brindando a lua de prata com minha taça vazia,
Pisando sobre o lixo das ruas, largado ao vento,
Procurando entre meus medos a paixão tardia!