OLHAR ESCURO

AQUI é LÁ

De tanto caminhar pela estrada, tão longe quanto o tempo que passou
Dos ruídos e das dores do pés, do ar puro e apagado
Do céu limpo e raro
Buscando alinhar o horizonte com o fim de cada ponto
Rebusquei um passado diferente e divisível
Das portas estreitas e raras, da altura do céu e do tamanho das areias

Porta grande ou pequena, do lado de fora se vê
No interior da alma se cala, as manias de você
Posso e quero, ver as folhas balançando pelos ventos
O Ar agitado e calmo, soprando as linhas do céu

Não sei se falo, não sei se grito
As vozes do silêncio, tão forte quando o pensamento
Não fosse o dia de sol, as nuvens aqui não estariam
Qual fosse o dia, qual fosse a Lua
A lua cheia ou vazia, míngua a todo tempo
Sempre a mesma lua

Andar pras trás ou correr de lado
Sem os caminhos para trilhar
O suor do cansaço, literalmente cansado
Retorno a cabeça ao travesseiro
Prossegue o dia inteiro, tentando achar no escuro
O que se acha no claro

Os livros debaixo das mãos
Semblantes fortes e ricos
Buscando achar as letras e os números esquecidos
A chave da entrada, quase não se vê
Os painéis e as cores chamam
E você não vê
E você na vem

O porta retrato na mesa
O telefone sem fio a chamar
A carteira de trabalho descansa sobre o cálculo renal
As folhas da árvore encadernadas na gaveta
Já não balançam mais
Fechadas com arame de plástico
No silêncio e na calada do tempo

Os pés das cadeiras já não sentem mais dor
A cerca viva não fala, nem sente
O email pela metade respondido
O telefone sem fio cada dia mais mudo
Não chama, e nem toca, foi cortado
O olhar que sempre me vê, cada dia mais vivo

16/11/2011

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