Olhando a chuva pela vidraça embaçada
Relembro momentos passados
Versos compostos, lágrimas choradas.
Juras de amor outrora trocadas
Entre abraços, beijos, suor e desejo.
Dois corpos se uniram apaixonados.
Olhando a chuva pela vidraça embaçada
Vejo você, na transparência, o teu corpo molhado.
Delineando a sensualidade das tuas curvas
Os pingos contornando cada ponto de prazer
Como o toque das minhas ávidas mãos
Ansiosas em sentir o bater do teu coração
Olhando a chuva pela vidraça embaçada
Vejo-me do lado de cá, estático, pensativo.
O bater acelerado do coração se confunde
Com o barulho dos pingos da chuva na calçada
O tic-tac do relógio na estante revela
O tempo deixa marcas, como os dedos na janela.
Você se foi, como a água ribanceira abaixo.
Levando contigo o que restou de nós dois
A cada chuva, a cada pingo, a espera.
Mas o tempo não volta.
Só restam lembranças e mais nada
Hoje me vejo assim.
Olhando a chuva pela vidraça embaçada.
Luis Roggia 27/Jan./2010