Ouço barulho de chuva, mas não chove,
a manhã surge impenetrável,
uma pequena luz escorre como uma solitária lagrima,
uma luz grisalha, lívida e impenetrável.
A dor da solidão é como um pássaro solitário,
abandonado ao ermo,
uma expressão do silêncio,
com um olhar vago sem nada ver.
Está pousado num pequeno penhasco junto ao mar,
as águas sobem às vezes até a sua solidão,
molham-lhe as penas que parecem revoltadas com a sua impassível mudez.
Não há nada que o assuste ou inquiete;
fica parado diante das ondas que a cada instante crescem,
mesmo assim mal agitam suas asas…
Ou quem as agitas e apenas os ventos que correm ao redor.
A dor da saudade é como um náufrago numa pequena ilha;
imerso numa solidão eterna,
maltrapilho, sedento e faminto;
perdeu sua memória e esperança,
apenas vive a cada dia enquanto não chega o seu fim.
A dor da saudade tritura um coração aos pouco,
devagar doendo sempre.
O cérebro vira um simples miolo disforme,
deixando o ser insano;
seus pensamentos vagos, sem caminho ou direção.
Uma grande solidão no meio de uma multidão.
Há esta dor da saudade!
Quem ama sabe e a conhece;
pois quem verdadeiramente ama sofreu e sofrerá a dor da saudade,
e a nunca esquece.
Eliezer Lemos