O poema confina-me a mente:
Suscitando-me a fazer viagens
Ao éden da descoberta
Ou para a obliqua paisagem da nula sondagem.
Quando o naufrágio é o compulsório itinerário,
Faz-se vã a cinemática de ardis e subterfúgios-pássaros:
Ainda que o meu conhecimento passe deveras ao largo,
Domina-me os pensamentos a voz do sol do fracasso.
Sinto a sinestese do desconsolo
Emanar-me do córtex,
Afluindo e copulando os poros
A fim de que possa infectar
Todos os vãos-átomos do meu corpo sorumbaticamente apático.
Depois, o que me sobra é a febre, a hemorragia do regozijo sonhado,
O sádico segredo, o etéreo cansaço:
A fragrância de vácuo, enfado, maresia, abismo, ataúde e ferrugem
Põe um véu de energia estática
Sobre a massa encefálica,
Deixando o sabor de azedume
Prostrado na língua, na lúgubre arcada dentária
De quem — assim como yo —
Não entende nem aprisiona
A semântica do predicado
Da poesia elementar, plástica, mineral, harmoniosa
Que aflora do voo das garças, falcões, corujas,
Albatrozes, águias, gaviões, Gaivotas!
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA