É como um vórtice, uma sensação de abandono do conceito de começo, meio e fim, um esférico sentimento que se dilui quando a realidade colide com toda a força que tem em o seu ser e você descobre ser quem não quer fazer e fazer o que não quer ser.
É a incerteza de qual ponto fraco seu, inato, você foi vítima desta vez e a sensação de ser julgado por um Júri invisível que te acusa sem te apontar o dedo e te exorciza da razão.
É como ler algo revelador que faz tudo o que se acredita até então entrar em conflito questionador no recém-aberto abismo de sua crença e te faz renunciar aquele seu Eu anterior, o “você mesmo” de poucos segundos atrás, que agora parece alheio à sua própria aprovação, à sua própria estima, te encarando frente a frente.
É sentir-se marionete da falsa pureza de sua virtude. Falsa porque não agrada e se não agrada, desagrada, logo não era virtude senão para você, pois seus receptores jamais a viram assim.
É ser escravo da aprovação alheia, da aprovação alheia que o bom-senso outrora tornava óbvia a satisfação da tão prestativa e benigna atitude e que agora a guilhotina, a luz que cega e revela, tirou o brilho e o glamour e tornou vil o que até então se tinha por correto.
Eis o invisível Júri ali, mais uma vez incompreensível e astucioso. Mal sabendo de sua própria índole, sua própria vontade chegando a sujeitar-se às mais dolorosas penas se estas o engrandecem na vitória por suas causas impossíveis.
O veredicto?
O Mal necessário, a Ordem caótica existente na linha entre o materno e o Abdicável torna o segundo repugnante e o primeiro indulgente.
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