Não conto mais primaveras,
Envelheço em frios outonos,
Lembrando antigos verões,
Coração vazio de eterno inverno
Neste tempo já não brotam flores,
As ervas são senhoras da estação.
Enquanto me alimento de todas as dores
Fica vazio de amores o meu coração.
Quando o sol com cálida beleza,
Revive na lembrança, velha paixão,
O peito ainda sofre, arfa com saudade
Do amor que inda arde em triste solidão.
Ah! Passa tão rápida noite silente,
Quebra nas dobras frias deste desamor,
Leva meu ar sombrio de desesperança
Sob o peso amargo do seu lasso andor.
Vazios dias cinzentos tristemente iguais,
Escutam meus soluços em inútil pranto,
Em meu abandono nunca fui amado,
Se nunca por amor, sofri algum encanto.
20/03/2007