Eu conheci meninos, simples meninos,
Eu os conheci quando eles ainda eram jovens,
Quando eles ainda sonhavam com o porvir,
Quando eles ainda exploravam a própria caverna.
Eu conheci meninos, simples meninos.
Eu os conheci quando eles imitavam artistas,
Quando eles ainda gostavam de apelidos,
Quando eles ainda respeitavam seus heróis,
Quando eles ainda tinham seus heróis.
Eu os conheci meninos, simples meninos.
Mas os meninos abençoados, viraram deuses,
Viraram anjos rebelados contra a ordem celeste,
Abraçaram sua intelectualidade pueril, gritaram,
Embruteceram-se com falsas doutrinas,
Intelectualizaram as bestas dos campos,
Destruíram as lembranças, as letras, o abraço.
Ousaram ser divindades, e não deram o tom,
Esquecendo-se que aqui, matamos deuses,
Enterramos seus corpos numa tumba fria,
Armamos soldados para guardar o corpo.
E os meninos deixaram de ser meninos.
E os meninos que conheci, não são mais,
Tive que matá-los em meus pensamentos,
Eu esqueci os meninos, simples meninos.
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