Tempestade no olhar, tudo que se podia dizer
Ao espreitar no fundo de meus olhos…
Talvez nem tão ao fundo precisasse procurar,
Quem sabe nas portas mesmo se podiam notar,
Uma tempestade, um turbilhão de novas emoções
Que antes a vida ainda não tinha lhes doado,
Um gosto amargo adocicado, confuso talvez,
Tão recente, tão crescente que chega a assustar,
Mas de face a tua face, paralisada, emocionada,
Tentava engolir em seco ou escapulir dali
Pra não me escapar palavras ou ações,
Pra que não me rendesse como réu confesso
De um sentimento nem tão profundo,
Mas raso, coevo, em uma explosão inesperada,
Que dava pra ver bem pelas beiradas de um olhar
Confuso, pego de surpresa quase a se render,
Com a pressão do teu corpo tão próximo,
Teu olhar tão fixo, tão possessos dos meus,
Pareço nem encontrar o ar, esqueci como respirar…
Então acalme logo esse meu olhar tempestuoso
Pra quem sabe voltar a respirar antes qu’eu desmaie…
Dê cá logo estes lábios a me calar qualquer recusa,
Pra que eu feche enfim meu olhar, e venha a mirar
Tua alma a me enlaçar e me acalmar desse turbilhão.