Mas de todo modo, se você me quisesse eu não iria te querer,
E se não me quisesse eu iria te desejar, cobiçar,
Porque quem me deseja eu fujo, me perde entre os dedos,
E quem me recusa me atrai, me ganha, me tem,
Talvez porque quem me deseja me assuste, me sufoque,
Mas quem não me quer, me convida á sedução,
Aventurar-se entre o proibido, a duvida, o desafio,
O que atrai de verdade, talvez seja esse par de olhos
Profundos que penetram, mas que não podem ser penetrados,
Um rosto com detalhes angélicas e um quer de maldade,
Fatal, onde parece o mal predominar, mas que sempre na hora certa,
O lado bom prevalece em meio ao sombrio porte de antes,
Talvez uma ameaça… Convertida em salvação… Tentação,
Esse mal transformando em cura, que consome, que adula,
Esse olhar cheio de mistério, maldade mesclando bondade,
Tão profundos olhos que jamais poderia decifrar se bom ou se mal,
Se contra ou a favor de meu bem querer silencioso, provocativo,
Se esses olhos mistos me tem cativa ou se cumplice,
E se toda aquela força me é por defesa, ou ameaça,
Mas sei, que se me quisesse, me perderia,
Se me recusasse me desafiaria a ter-te todo em mim, pra mim.