A montanha se estende
sobre o vale em sombra,
e em serena paz
descansa o vale todo.
A araponga lá não grita,
só escuta o assobio da cotovia,
chora o chororó e se cala a cigarra
e o vale se banha de noite.
Os murmúrios d'água entre pedras,
o piar da coruja no caminho,
um bater das asas de um pássaro tardio,
compõe-se à noite na floresta.
A noite se alonga, e vai amanhecendo
o sereno, deixou, sobre
as folhas, bailarinas gotas de orvalho,
e o galo canta e o dia se espanta.
Eliezer Lemos