Na varanda,
Ela, a linha pacientemente a agulha transpassar…
No riacho,
Ele, a linha pacientemente o anzol a penetrar…
Ela bordadeira, traça o seu bordado
Ele pescador, arrasta o seu pescado
Ela olha o tempo, da luz que se despede no poente,
Ele olha o espelho d’água, que reflete o horizonte.
Na varanda,
Ela, acende o pavio do candeeiro…
No riacho,
Ele, recolhe a pesca e descola do chão o traseiro…
Ela, guarda os panos e acende o fogareiro,
Ele, espanta as muriçocas e vai para casa, faceiro.
Na varanda,
Ela, respira a brisa fresca da noite, a esperar…
No riacho,
Ele, reverencia a beleza do crepúsculo, põe-se a caminhar…
Ela, prepara a ceia, sopa e pão, João
Ele, abraça Maria; deixa a pesca no chão e o amor irrompe no coração…
AjAraújo, o poeta humanista.