A poesia está no sangue,
na veia poética, viva e ardente,
está na apatia escassa,
e no excesso de emoção.
A poesia está no instante,
no prazer consumado, ou iminente,
está na chuva de tristeza que passa,
e no estio da alegria em efusão.
Sua metáfora é um rio de água límpida,
um bosque, um lago, uma colina (…),
é um bálsamo salutar de alma lírica:
apaga o fogo enfermiço que (a alma) calcina.
O poeta traz no olhar a chama olímpica
do vencedor que, ao perder, não desanima:
reinventa a beleza da vida com o ritmo, a rima,
e a singeleza própria da sua natureza ínclita.
O desencanto é o verso da fugacidade:
expressa o que vem e, de repente, vai embora,
fazendo pulsar no coração combalido a saudade
do amor vivido, intensamente, pela vida afora.
E neste instante em que represo meu pranto,
em que celebro a vida simples e bela,
assim com os lábios sorrio tanto,
embevecido pelo alumbramento dela.