Um dia me disseram: "sois poeta"
Derramei lágrimas de tinta nas linhas do caderno
E, de tanto, acabei chegando ao fundo do poço
Não mais divisava as formas que escrevia, que pensava…
Não tem cores a vida do poeta na algia
Conhecer o universo ao redor é seu lema
Colorir a vida dos outros é a sua meta
E acaba deixando de viver a sua própria…
Escrevo, se sou poeta ou não, tampouco sei
Se o faço bem, em dúvida fico, e deixo no ar…
Escrevo por sentir que devo os fatos registrar
Existo simplesmente porque nasci…
A vida é constituída por uma série de fugas
Escolha algumas e falo a respeito delas
Se sai poesia, prosa ou conto, não me preocupa
Nem tudo que queremos, conseguimos, tentar é o que importa…
Não tenho tempo, também a pressa não cultivo
Se vaidade é mostrar o que faço,
Prefiro recolher ao baú o que descrevo
E se viver é aprender, como aprendiz testemunho
As cenas cotidianas
E as transformo em verso
Na busca das melhores rimas
Que pintem o poema como tela, sómente isso quero…
Será pouco? Ou muito… este poetar?
AjAraújo, o poeta indaga a si próprio acerca da arte do poetar, escrito em Setembro de 1976, a Fernando Pessoa, grande fonte de inspiração