Viajantes:

Viajantes que sangram os pés nas áridas sendas,
e prosseguem extenuados na jornada ofegantes,
engalfinhados na ira das próprias contendas,
acumulando amargos dissabores por encomenda,
conquistando como premio os fardos degradantes.

Viajantes que procedem de um passado distante,
que perambulam pelo mundo tentando encontrar
a terra prometida de puras fontes murmurantes,
que jorra, sem cessar, o mel em favos abundantes,
para que ávidos possam a voraz fome saciar.

Errantes que não vislumbram o fim da jornada
pois as quedas se repetem ao longo do caminho,
emanam-se da consciência virtudes deturpadas
agasalhando o coração as angústias programadas,
ao deparar com abismo intransponível de espinhos.

II
Viajantes que não calçam mais sandálias de couro
já não precisam do auxílio do cajado ou bordão,
trazem em suas bagagens sofrimentos duradouros,
buscando além do arco-íris o cobiçado pote de ouro,
navegando pelos profundos oceanos da ambição.

Haverão de navegar em busca de novos horizontes
cruzando as fronteiras da matéria em turbulência.
Haverão de escalar precipícios e os altíssimos montes.
Ávidos buscarão saciar nas águas de límpidas fontes.
E terão dunas escaldantes no deserto da existência.

Haverão de traçar na consciência novas trajetórias,
apontando com clareza a rota de regiões acolhedoras,
Que não seja de quimeras absurdas, fantasias ilusórias
e submissos a vontade das divinas leis expiatórias
encontrarão a água que alivia as criaturas sofredoras.

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