Flutuando quais flocos alvíssimos de algodão
surge no crepúsculo em revérberos de luz,
moldurada pelo azul profundo na imensidão,
pairando silenciosa convidando à reflexão,
uma nuvem diáfana pela claridade que reluz.
Uma nuvem nívea que reflete nos rendilhados,
uma tiara de luz resplandece em seu contorno,
transborda de encanto o crepúsculo iluminado
num silêncio profundo envolvente e sagrado,
que cativa e fascina os resplandecentes adornos.
No crepúsculo vacilante, no momento derradeiro,
entrego-me à sedução de tão atraente fantasia.
Pressinto que o encanto é efêmero e passageiro.
Plasma-se no espaço o significado verdadeiro,
no desfecho inexorável, no final de mais um dia.
II
No espectro do lusco-fusco que reluta em ficar
contemplo em devaneio a beleza que fascina,
lentamente se dissolve, se apaga de meu olhar;
No prisma da realidade o encanto vejo passar,
em seu último ato, vão cerrando-se as cortinas.
A nuvem nívea passou no entardecer silencioso.
Inflamou o crepúsculo com a luz que despendeu
com seu toque de ternura num gesto amoroso.
Envolveu me com amor, com seu afago carinhoso,
plasmou em mim, o seu encanto não desvaneceu.
A nuvem nívea quais flocos alvíssimos de algodão
sobre o meu céu nebuloso derramou a sua luz.
Fez acender a esperança em meu triste coração,
exterminando para sempre a minha escuridão,
qual esperança iluminada pela vida me conduz.