Velho relógio no alto de seu campanário,
no compasso lento do preciso maquinário
anota o tempo na ponta de seus ponteiros,
registrando na vida os anseios da humanidade,
empurrando o presente às páginas da eternidade
nos alertando que no mundo somos passageiros.
Velho relógio, em seu campanário enegrecido
testemunha fiel do tempo já transcorrido,
ausente em sua face, o toque da maquiagem,
e o tempo monótono aos segundos se escoa,
juiz silencioso que determina e não perdoa,
está sempre presente exigindo a sua passagem.
Velho relógio, mecanismo em funcionamento
que se deteriora na gula voraz do tempo,
na fragilidade perecível da criação material,
tempo que se estende às sombras do passado
navegando em seu curso os séculos consumados,
no declive interminável de sua lei temporal.
II
Mecanismo invisível que pulsa lentamente
na vastidão do espaço, estará eternamente
interligando os mundos pela luz que irradia,
luz que viaja pelas ondas do universo infinito,
nos eternos turbilhões nos clarões dos atritos
explosões geradoras convertendo em energia.
O tempo marca a vida terrena da humanidade
na rotação dos planetas através da eternidade,
seus ponteiros invisíveis, nos tique taques vorazes,
transformando lentamente com perfeita precisão
o presente em passado, o agradável em recordação,
no universo da existência raríssimos e fugazes.
O tempo se escoa pela fração de seus segundos,
silencioso fazendo a transformação do mundo,
agindo na individualidade de cada semelhante
o relógio material se deteriora pela fragilidade,
o tempo transforma o mundo e a humanidade.
E os humanos como eu, em eternos viajantes.