Vivo na manhã dos dias

Sou uma migalha de gente
Sem pátria, sem chão, cigano
Oculto no solo árido
Nas dunas do deserto no oriente

Quase pisado, qual formiga
Recolhido em minha insignificância
Estou só, triste, estático
Nada tenho, nada quero

A nada pertenço, tampouco busco
Sem seita, sem vínculo
O que posso fazer?
Qual legado deixar?

Escondido de mim, feito caracol
Mergulhado no interior da concha
Estrangulo minha débil força
Apago sereno feito luz do distante farol

Morto-social em firme propósito
Ando como autômato
Mergulho nas noites de penumbras
(Sobre)Vivo na luz da manhã dos dias.

AjAraújo, o poeta humanista, escrito em Agosto de 1976, durante uma crise existencial.

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