Tormenta e Bonança

Notas tu, a nebulosidade contida neste olhar só meu? O enegrecer do espírito causado pelas palavras que a ti escrevo requerem nada mais que um ato de covardia. Sublimei teu pensar nas linhas, sem dó e penalizei-te, pobre animal enraivecido.

Deliciei-me ao brincar com teus sentimentos. Cada calafrio de desespero que causei revigorou-me a ponto de viver mais mil dias. Ofereci-te o fel tocando-te a nuca, sentada à penteadeira. Admites tu que no espelho não me reflito? Esta é uma decadência tua, em especial. Em outros campos de areia cristalizada apareço nitidamente.

Oh, estrelas ingratas do céu! Tanto dediquei a vós todo o espaço de minh'alma! O que tive em troca foi esta decepção suculenta que tanto inspirou-me! Alegre por prender o rato na mesma gaiola do felino! Tão serenamente espavorido! Comparo cada raio de luz lunar a alegoria daquele desespero!

Mas não me tentes a ressuscitar o que um dia foi real e hoje é memória. Cada região do mundo humano é bem delineada pelo tempo, indiferente às cores com que pintamos o cosmo. Se em nada interfere este saber, ao menos abre os olhos daqueles que acreditam viver um dia de cada vez. Perdendo, enfim a consciência para revelar as respostas.

Não odeio nada em especial. Temo, sim, por aqueles que encontraram o ápice de seu destino. Perderam todo o seu direito de dar mais um passo à frente, como se deparados com um precipício inevitável. Pobres almas, condenadas a venerar o além, inexistente. A estes declaro com furor minhas doces expectativas referentes à sua eternidade fria e vazia.

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