Título: Prisão

Veja o Tigre prostrado.
Deitado na jaula, imobilizado.

Com o pelo brilhando, bem alimentado.
Desempenhando o papel, ao qual foi designado.

Poucos tem alguma noção,
do que é viver nessa situação.

As barras tortas, de tanto serem forçadas,
há algum tempo vivem intactas.

Não há mais nenhuma reação.
Não há mais motivo, para sair da escuridão.

O Tigre estava cansado,
de lutar por algo, que estava no passado.

Estava completamente resignado,
como se observasse, o futuro resultado.

Nem sempre foi assim,
existia vida, um jardim.

No qual conhecera uma Rosa,
que fez a sua vida, tornar-se majestosa.

Uma história que já foi há muito contada.
Que agora, era tristemente lembrada.

No final, quando tudo deu errado,
o Tigre foi finalmente capturado.

Inicialmente debatia-se na ilusão,
de que escaparia, e reviveria esta emoção.

As barras foram várias vezes rompidas.
Deixando-lhe marcas profundas. Feridas.

Cada vez que era recapturado, sofria.
Aos poucos, a sua esperança se esvaía.

Quando fugiu pela última vez,
para encontrar a Rosa e a sua altivez.

Percebeu que não tinha mais lugar,
nem a sua Rosa para poder admirar.

A Rosa prosseguiu com a sua vida,
pedindo a ele, que não fosse seguida.

Com o coração completamentamente arrasado,
o Tigre não exibiu reação, ao ser recapturado.

Sem forças para lutar, sem motivação.
Aceitou o cativeiro. A sua prisão.

Só lhe restava aceitar este papel.
Descia em sua garganta, amargo como fel.

Mesmo sem forças e com tantas feridas,
se exibiria neste circo, chamado vida.

Fingindo, como um verdadeiro ator.
Sem mostrar que o mundo, lhe inflige tanta dor.

Ao se apresentar diariamente no picadeiro,
esquecia da dor, abandonava o verdadeiro.

Só no fim de cada noite, ao ser enjaulado,
lembrava e percebia, como tudo estava errado.

Dormia só e com frio na escuridão.
Procurava conforto nesta sua prisão.

Implorando para que chegasse logo o dia.
Para que fingisse e vivesse na hipocrisia.

Se concentrava em abrandar a dor.
Que sempre o atingia, com muito fervor.

Se tornou um verdadeiro artista.
Era visto como um guerreiro malabarista.

Estava aprendendo a viver fora do que acredita.
Apenas uma ilusão, se tornara a sua vida.

Quem observava o Tigre com tanta energia,
com força de vontade e muita alegria

Não enxergava a sua vida vazia.
Sem o seu amor, que por completo o preenchia.

Ao final de cada apresentação,
voltava cansado, sem motivação.

Se levantassem a cortina e observassem,
veriam uma completa e diferente imagem.

Lá se via o Tigre prostrado.
Deitado na jaula, imobilizado.

Com o pelo brilhando, bem alimentado.
Após desempenhar o papel, ao qual foi designado.

Poucos tinham alguma noção,
do que é viver nessa vida, nessa prisão.

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