No registro negro
As onze e quarenta e hum…
Ninguém caminha no corredor, só o medo;
Mentecáptos jogados ao chão
Olhares assustados e debochados
Aí vem mais um preso por pensão;
Muitos pelas grades derrotados
Borrados na parede de uma cela;
O nome do Cristo em oração
O nome do filho e da esposa tão bela;
Escrevinhados num sofrido coração
A saudade é luxo no coração de um preso…
A dor é luto em seus pensamentos
O homem se acaba em dores e lamentos;
Prioridade é loucura dentro da cela escura
Homens doentes não acreditam na cura;
Filhos ceifados da sociedade, que só colhem maldades…
É assim a vida por de trás das grades
Até que certo dia vem à liberdade
Através da sorte ou talvez a morte;
Na vida de um preso tudo é sofrimento
A morte mais parece ser um descanso
Quase certo o fim do seu tormento.
Em memória dos dias 08/09 de Outubro de 2002
“Em uma cela no Distrito de Itaquaquecetuba (SP).”
Pelo autor Marcelo Henrique Zacarelli
Itaquaquecetuba, Outubro de 2002 no dia 11.