Faróis do Inferno

Aquela suave menina, correndo apressada,
Becos e vielas, o som de seus passos,
Ecoam na noite, de maneira aguda,
Castelos em ruinas, sombras se desfazem,
A escuridão ameaçadora, envolvendo seu pequeno mundo,
Desejos de menina, jogados fora, na lama,
Seu corpo pedindo, implorando um minuto de descanço…

Ela precisa correr, correr, mais do que nunca,
Para longe, bem longe destes olhos famintos,
Luz triste que vaga, a procura da presa,
Ela pode sentir, o halito doce de maçã,
Tocando a sua respiração, o despertar violênto,
Invadindo o seu corpo, a inocência,
Perdida no brilho do farol…

Faróis do inferno, a luz que queima,
Escuridão que protege, seu ar desesperado,
Ela sente a violência e o desejo,
Garras penetrando fundo na carne,
O sangue que corre por suas pernas,
Um grito selvagem que se faz ouvir,
O riso sinico, olhar insano,
Olhos dementes, unindo-se as partes,
Juntos num longo beijo, sufocados,
Olhar baixo, dissimulado,
Para sempre juntos, como um só,
Mãos dadas, lado a lado,
Em direção aos portais do inferno…

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