ESSA VIL FRIEZA

Passeando pela rua certo dia,
Em pleno e escaldante sol de verão,
Num canto da calçada de fome morria,
Um reles mendigo pobretão.

Arfava, estrebuchava, quase morria,
Tinha sorriso esquálido, cálido então,
Ventre colado na espinha,se esvaía,
De fome morria, estava em convulsão.

Ninguém sequer olhava curioso,
Passa ali sem ao menos se deter,
E, em gesto mudo e silencioso,
Olhava o homem que ia morrer.

Mas parecia que a todos dava gozo,
Ver aquela criatura perecer,
Seria bom, entraria ele em repouso,
Mas essa vil frieza, desejaria entender.

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