Alguns traços deformados, sob a luz das estrelas,
O vicio seu melhor personagem, a bolsa vazia, a espera,
Mais um cliente, a noite parece pequena,
O movimento dos carros, a luz explosiva que esconde,
Mais do que revela, luminosos piscando,
A solidão dos aflitos, gritos ecoam,
No silêncio da esquina, a droga sua parceira,
Na fumaça branca do seu cachimbo, ela conta estrelas,
Riscando no chão, sentada na calçada fria,
Uma linda aquarela, de multiplas cores, seu sonho, sua magia…
Não mais que uma criança, nos seus ares,
Sedução e vicio, a carne no seu estado mais puro,
Uma menina, ninguem sabe sua origem,
De onde veio, e nem para onde ira,
Seu lamento silêncioso, discreta dor…
O pecado dos homens, no desejo que se soma,
Labios vermelhos, numa enorme boca, macia,
Pesando na cabeça algumas doses, seu corpo perfeito,
Deusa grega, a alma apertada, em pedaços,
Todas as desilusões, recaida nos ombros,
Sua saia curta de couro, seus saltos altos,
Compoem este figurino, um cenario de lixo e abandono…
Mais um cliente, sexo, volúpia, dinheiro,
Nenhum carinho, seria esta a esmola que tanto deseja?
Não há culpa, por usar seu corpo,
Quase virginal, seu sorriso triste,
Não traz a esperança do tempo, mas toda violência do vicio que existe…