Devaneios finais

Estou seca. Inteiramente.
Não desejo nem receio
sobrevivo simplesmente,
não destruo nem semeio.

No meu céu já não há mais brancura
só um triste entardecer.
Tudo, de repente, perdeu a ternura
mas não temo a morte: deixarei acontecer.

Já não ouço mais os pássaros cantando
e, seguindo a lição deles, embora negando,
também resolvi emudecer.

Não me importa mais.
O tempo, em seus devaneios finais,
não me fará enlouquecer.

(A morte é só o morrer…)

Marcela Arôxa

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.