Nasci num dia triste da alegre estação das flores,
Tão triste que as rosas murcharam nos campos,
Onde espargiam os perfumes mais encantadores,
E à noite bailavam os mais reluzentes pirilampos!
O jardim da minha infância foi regado a pranto,
Meus pais não semearam nele as roseiras formosas
Que encantam a infância com o colorido das rosas,
Cultivaram apenas as ervas daninhas do desencanto!
Olhando meu passado triste, triste me lembro
Que tive, diariamente, de janeiro a dezembro,
O vício da solidão como meu único companheiro,
E o suplício da rejeição como meu fiel conselheiro!
Findando o atro espetáculo dessa nefanda realidade,
Quando a morte me resgatar desse teatro de horrores,
Sepultarei os despojos da minha infância na eternidade,
E assistirei ao Juízo Final dos meus carrascos genitores
Que moldaram no meu corpo essa alma tão embrutecida,
E tão irremediavelmente revoltada, solitária e desiludida!