Será o momento de parar
e pensar um pouco…
quem fui?
quem sou?
quem serei?
No instante da sublime queda do pingo d´água vejo a chuva lentamente escorrendo na vidraça
e a sua breve canção no vento…
São tantos os presságios que me assaltam
As amarguras, a paisagem agreste
O mar que sussurra ao longe
E o cheiro de algo no ar…
a quem sirvo?
a que sirvo?
para que sirvo?
No fecundo momento de lutar por algo que acredito ou acreditava?
Será que existe um idéia que floresça neste solo árido?
No grande areal, vazias mentes, dementes ou, quiçá tormentas, tempestades de areia.
Que existe algo por trás da chuva que é a sensação de lavar as superfícies
porém, esta chuva fina é incapaz de retirar as impurezas que existem por dentro das pessoas vulgares, que a tudo banalizam…
Um temporal assusta,
arrasta, mas rapidamente passa,
deixa impressões e medos,
gera temores, mas, vêm logo a bonança
A fina chuva fica lenta,
vagarosa a corroer as barreiras,
a formar poças, a produzir desastres,
a soterrar, a desabrigar.
Temporal, tempestade, chuva fina ou garoa
Remetem a uma analogia com o ser humano
Cujo comportamento vai da omissão à descrença
Do oportunismo ao clientelismo
Às vezes são gente – gentis, gentileza
Outras vezes são vermes – arrogantes, avareza…
AjAraújo, o poeta humanista, escrito em Agosto de 1990.