Sinto um frio percorrer a minha espinha. Uma brisa de sentimentos invade meu quarto e toca o meu rosto. A lembrança do teu perfume me inebria e me aqueço com as recordações do que fomos. Por um breve instante cheguei a sentir novamente a textura da tua pele. Eu te amei. Amei tão desesperadamente que já não me enxergava mais. Sentia que já eras parte de mim, um fragmento da minha alma que reencontrei. Porque amores são reencontros. Pelo menos acredito que sim. E quando te vi pela primeira vez parecia que estava matando a saudade de algo que foi interrompido. Teu amor me fez forte. Eu levitava e não sentia meu corpo. Teu sorriso me transportava para um universo desconhecido. A sintonia perfeita. O tal amor que dilacera, invade, mata e que ao mesmo tempo fortalece. Produzia em mim uma luminosidade que seria capaz de iluminar todo o planeta. Hoje sinto o vazio e não me reconheço. Minha identidade se perdeu naquele último beijo, quando tentei ler o teu olhar e não vi mais meu nome escrito nele. Às vezes te ouço chamar meu nome, mas reconheço minha insanidade, meu delírio. Entorpecida por uma interrupção brusca de um amor construído em mim e por mim, me fecho e fico meio que anestesiada do mundo. Tirei de perto tudo que me lembrava você. Evito olhar. Como alguém que retorna de um funeral. E aqui estou, muda, a alma vestida de preto. Nua, descoberta das ilusões que me confortavam a existência. E sinto um frio percorrer a minha espinha…