Olha-me de frente, de relance aos doentes,
Aos pobres e famintos de Amor, como eu!
Olha-me e diz-me o que vês, no ambar que me percorre
Na fome que me escorre, pelas costas do meu Mundo,
O teu Amor, sentido numa dor profunda!
Porque sou eu, em terras para lá do Mar,
Julgando-me civilizado por voltar a amar…
Sou eu despojado dessa vontade e dessa habilidade,
O feliz que em mim deseja, foi no leme desse barco,
Partiu-se em tempestades, porque somos nós…famintos desse Mundo…
Incapazes de sorver esse Amor de uma só vez,
Etiopes, subnutridos pela Humanidade de Amanhã,
Sós e Nós…abandonados neste deserto triste…
Entregues à sorte…ser amado quando já nada Existe…
Em nós! Tudo malhado pela chuva grossa,
Que nos fustigou em tempos descorridos,
Em noites escuras, sem ninguem por perto…sem um amigo!
Agora mantemos o chapéu aberto, no tórrido Sol de Verão,
Ridiculos Homens e Mulheres descontextualizados de nós mesmos!
Felizes por voltar a amar…numa felicidade só nossa!
Perdemos a expressão de nós mesmos,
Nem que nos atropelasse, numa debandada de Amor,
Florestas Húmidas cheias de energia e fervor, ainda assim…
Nós seriamos Nós! Ridiculos, fora de tempo…cheios de Nós mesmos!
Que nojo que em mim me mete! Esta incapacidade de subtrair,
De esquecer a infelicidade pontual e viver o dia em unissono,
Gritar ao dia como somos Nós felizes…cheios de Amor
para expressar e dar e receber e vender se for lucrativo?!
Somos Nós cheios de chuva e vento e tempestades mortas,
Dentro de nós o putrefacto aroma da nossa Morte Sentimental!
Hirtos, experientes, não voltaremos a quebrar ao vento,
Repetimos estas verdades, seremos menos Nós Felizes…
Mais Nós Humanos de Amanhã cheios do Nada que nos corrompe,
Cheios de Nós mesmos, longe das nuvens crueis de Ontem e Hoje,
Fora de tempo, Somos Nós Ridiculos na nossa expressão mais pequena….
Artur Alves 2009