DISTÂNCIA SENTIMENTAL
Distância molesta, porta-voz do meu sentimento,
Sucedâneo serotino que me impulsiona à aflição,
Onde se encontra minh’amada, neste momento?
Deixa-me um vazio, empurrando-me à vil solidão.
Passeia distraída pelas vias do meu pensamento,
Buscando aquele ermo cantinho do meu coração;
Majestosa altitude de beleza em contentamento,
Castelo esplendoroso de soberana em ostentação.
Diante de si me vergo, ó senhora do abrasamento!
Para na seiva dos prazeres me tomar de sensação,
Suplico aos deuses que me ausentem o tormento,
De me sentir tão semoto deste amor em profusão.
Sei que algures está, abrigando-me ao sofrimento,
Por deixar tanta aporia à minha frangível inspiração.
Seu amado, agora, na busca do esquecimento,
Carpe este amor que, para ele, foi só de ilusão!
Rivadávia Leite