A COLHEITA.

Já vivi por tantos cantos,
veles verdes tão floridos,
hoje lembro comovido
tudo que compartilhei.
Levantar bem de manhã
enquanto o galo cantava,
nhambú ainda piava
na capoeira atráz da casa.
Botar nas costas a enxada
e sair só pela estrada
até chegar no roçado.
Tomar as rédeas do eito
tendo cuidado e com jeito
prá fazer bem meu traçado.
Por cima de pedras e paus
ferindo a terra sagrada.
Sol de quarenta graus
mas era minha empreitada.
Tombar a terra e plantar
sementes de esperanças.
Debaixo do sol chorar
mas ver ao longe a bonança.
Passado os dias, acordar
ver as sementes geminadas
óh que tamanha alegria.
Meses depois a colheita,
meu deus que coisa mais bela.
Poder olhar da janela
o vargedo amarelado.
O meu trabalho valeu,
o que plantei floresceu,
agora já colho frutos.
Não foi fácil a labuta,
mas tive boa conduta,
apesar dos momentos brutos.

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