Capelinha abençoada

Capelinha abençoada
Situada ao pé da serra
Infiltrada na floresta
Fincada em cima da pedra
Somente o cheiro de terra
E os passarinhos em festa.

Velha capela crioula
De portas sempre abertas
Onde chorei meu amor
Por vezes e horas incertas
Testemunhou o meu pranto
Em teu silêncio, o acalanto
Dividindo comigo, a dor

Lá em teu altar,
Abre os braços, meu senhor
Chamando-me “vem, meu filho”
Eu entendo tua dor
“Deixa eu te confortar”
Somente quem sabe amar
É que pode falar de amor

Quantas vezes eu olhei para trás
Em direção da tua porta
Vendo ao longe o azul de céu
Imaginando meu amor chegar
Vestida de noiva e sem véu
Para comigo casar

Capelinha do sertão
Hoje ainda está lá
Meu amor brigou comigo
Mas não canso de esperar
Ainda caso com ela
Em frente do teu altar.

Vôo das gaivotas

Acalanto misterioso ardente
Vagamente com ternura olhas
Enlaçado coração que se escraviza
Repetidamente ouço o canto…
Rever-lo amando ventura expande
Transparente o cristal entre castelos de areia
Rimando sobre a luz destino da poesia
Para que toda uma enraizada vida a guia
Ao nascerem mãos unidas faças os versos.
Comovem-se ao brotar como pétalas
Sonhar com os vôos das gaivotas!

MAR DA SAUDADE

Nessa praia que não é minha,
Nesse mar que é de ninguém,
Meu pensamento caminha
Nas águas não sei de quem.

Nas ondas que vão e vêm
Navega minha emoção,
A brisa que vai também
Leva junto o coração.

Leva longe, muito longe,
Muito além do céu de anil,
Vai buscar, onde se esconde,
Lembrança de quem partiu.

E o balanço das águas,
Num ruidoso leva e traz,
Leva embora minhas mágoas,
Traz de volta minha paz.

Entorpecido de saudade

Volta para mim,
Veja como estou,
É uma saudade sem fim,
Já nem sei mais quem sou

Eu olho para mim,
Proprio não me reconheço,
Cada dia é um novo fim,
Cada minuto um recomeço

No espelho do meu quarto,
Vejo uma imagem adormecida,
A saudade, tantos os fatos,
Entorpecem a minha vida

Entorpecido estou sim,
entorpecido de saudade,
Por te amar sem fim,
Sem ser amado de verdade

Marlon Bittencourt

Coração de Tinta

Todas as vezes que você se vai, simplesmente me deixando para trás
Como nos sonhos que sempre eram ilusões da minha mente
Você se desfaz como o papel das cartas que te escrevi, tão lentamente
As chamas que corroem a tinta também levam meus sentimentos, coisas complexas
Do nosso amor sobraram os fantasmas a me assombrar pela noite
Sussurrando pela casa as coisas que eu quero esquecer, mas que você não deixa
Ás vezes penso em ser frio, olhar a humanidade com olhos de pedra
Mas infelizmente meu coração é uma tela que já foi pintada com várias cores
Tonalidades que me trouxeram alegria, força, confiança, amor
Mas no final todas essas cores e tons se transformam em preto, na ausência de cores
Todas as luzes um dia se apagam mas nem todas as sombras são iluminadas
Versos tão tristes pra alguém que mal conhece a vida, mas já sente vontade de desistir
Às vezes tento te encontrar na noite, no céu, no frio do inverno
Mas sempre acabo me dando de frente comigo mesmo, me enchendo de vazio, de dor
Quem sou na realidade? Um poeta sei que não, um romântico muito menos
Seria então a minha existência um receptáculo para toda a escuridão e frieza
Que os teus olhos tão calmamente plantaram sob os meus?
O brilho se torna desespero e a luz forte demais pra se agüentar com braços abertos
A saída é o fundo do poço, não que isso seja uma derrota mas….
Do fundo do poço a única visão que se tem é a luz lá de cima
E aos poucos talves meus olhos se acostumem novamente com o calor de um sorriso
Mas por enquanto prefiro as minhas lágrimas, quentes, salgadas, sofridas
Elas e minhas cicatrizes me fazem lembrar que o passado foi real
E que para o futuro ainda restam vários palmos de pele virgem para ser marcada
A tristeza é como uma poesia, fácil de começar impossível de terminar…
Bom, acho que isso é um fim ao menos para a poesia ainda encontro um final

Epilogo

Tinhamos a mesma idade quando tio Júlio morreu
As aves avisavam-nos o principio da estação friosa
Lembro-me que a manhã transcorria lenta num azul nuvioso
Havia vento, e por causa disso as poucas folhas no chão ficavam
Há muito tempo o jardim não era mais colorido para tio Júlio
Sem vontade de mais nada,
Dormiu pela última vez

Porém Efervescente / Marcelo Plácido
Editora Inteligência. 2010.

Sobre Lagos e Pedras

Ela transmite uma calma que me impressiona
Quando estamos sobre lagos e pedras
Observando o firmamento, contando estrelas no céu
Parece que há só nós aqui em baixo;

O vento sopra em nossa direção e nos impressiona
Quando estamos sobre lagos e pedras
Assanhando teus cabelos, negros como á noite
Parece que há somente nós dois;

Tua voz soa como o mar em meus ouvidos, impressiona…
Quando estamos sobre lagos e pedras
Ela deita seu corpo sobre o meu e adormece
Parece que há somente nós dois;

Se estiver sonhando não me acorde
Se você estiver sonhando não te acordo
Estamos sonhando sobre lagos e pedras
Este é um acordo que fizemos
Este é um acordo que fizemos.

Ela transmite uma calma que me impressiona
Quando estamos sobre lagos e pedras
Observando o firmamento, contando estrelas no céu
Parece que há só nós aqui em baixo;

O vento sopra em nossa direção e nos impressiona
Quando estamos sobre lagos e pedras
Assanhando teus cabelos, negros como á noite
Parece que há somente nós dois

Parece que há somente nós dois…
Parece que há somente nós dois.

Produzido por Marcelo Henrique Zacarelli
Village, Maio de 2011 no dia 18.

Estarei com Você

Mesmo que o céu amanheça cinza pra você meu amor
Estarei aqui com você, eu Prometo
Se você perder a cor do sol ao entardecer meu amor
Estarei com você, eu prometo;

Estarei com você
Onde o vento se esconde meu amor
Eu prometo estarei com você…

Se hoje á noite parece não mais ter fim
Eu serei o amanhã meu amor, eu prometo
E mesmo que estrelas caiam do céu
Estarei com você;

Eu lhe dava as mãos quando pequena
Você se lembra?
Para atravessar a rua das incertezas
Não tenha medo hoje meu amor
Estarei aqui com você.

Estarei com você
Onde o vento se esconde meu amor
Eu prometo estarei com você…

Produzido por Marcelo Henrique Zacarelli
Village Itaquá (SP) Abril de 2011 no dia 21.