Nossas mãos em concha
num gesto espontâneo
apanham areia da praia.
E nas mãos ela fica retida.
Mas integram nossas vidas.
Dependendo do estado de espírito
de quem as retém, muito dizem..
representam alegrias, tristezas, desilusões.
representam saudades… Mágoas, ressentimentos…
São elas o presente e o passado.
Não há quem nas areias da praia
vá buscar descanso, lazer e paz,
que não tenha uma história para contar.
E continuamos retendo os grãos da areia,
assim como tentamos segurar a felicidade
em algum lugar que não sabemos, mas buscamos.
E por mais que não queiramos,
das mãos, alguns grãos, começam a escapar.
E vão perdendo-se pelos dedos…
O mesmo acontece a toda hora
nas vidas de todos nós.
Atemorizados por inseguranças,
ciúmes, desconfianças e medos,
quase sempre,
afastamos ou secamos um amor
e acabamos sem ele,
olhando para o nada e sós.
De onde quer que esteja,
Vê!
E crê!
Nós dois deixamos a felicidade
escapar.
Assim como foram escapando
de nossas mãos,
pelos dedos,
os grãos de areia
que um dia sentamos na praia
apanhamos e não soubemos conservar…
Eliezer Lemos