Estou vivo nesta noite medonha,
de onde não me vem nenhum amparo.
Escrevo este poema para afugentar as horas solitárias,
em que sinto tua ausência, e decepar a forte dor da saudade.
Escrevo este poema esperando que destas palavras nasça algo de belo,
que sopre um vento de refrigério sobre o nosso amor.
Posso sair para contemplar o mar,
até provocar o nascimento da letra de uma bela música,
ter a presença de familiares e amigos.
Mas nada disso me fará menos só,
estou a cada dia mais distante deste mundo,
mas sei que em breve me libertarei,
já até posso ouvir o rumor de novas vozes familiares,
esperadas e desejáveis.
Vou deslocar-me no rumo de minhas ambições,
mas agora neste instante em que transpiro estas palavras que escrevo,
quero somente transmitir minha solidão.
Estou vivo enquanto minhas mãos traçam estas linhas como sinais vitais,
agitam a imobilidade de meu ser.
No momento estou só, sou como uma ilha nas águas da noite,
sinto as caricias das ondas, mas nada escuto,
chegam até mim todos odores que trazem as maresias,
e seus vapores com o vento.
Mas sou uma ilha dentro do escuro,
de todos os lados só existe o grande silêncio.
Mas ainda espero ouvir a tua voz,
que como um pássaro que agitam as suas asas molhadas,
devolvem-me aos olhos lagrimas de esperança.
Eliezer Lemos