CIDADE PEQUENA

Já em cidade bucólica,
com a segurança subsidiada,
olhando o octogenário sorrir,
a morfina não é mais necessária,
a três passos do inicio,
não é possível ouvir os gritos,
insultando o novo padre,
elogiando o velho demagogo,
como sempre foi o costume
e o rabecão sempre tem uma noticia
felicidade para uns
nem tanto para outros.
A historia termina naquele
Que sempre anuncia, equivocado a própria morte
E ainda sorri.

A VIAGEM DO MEU CANTO NOS PAMPAS

Resplendente nos pampas gaúchos,
Está lá o meu pampa poético…
E como gosto destas terras férteis!
Tanto como gosto do meu canto cético!…

Sobe e desce das serras do Rio Grande
O meu canto aprumado e belíssimo!…
Que glória de vê-lo muito bem salubre!
Que amor de verso grandiloqüentíssimo!…

Enfim chega ele nos ouvidos pampeiros!…
Meu canto é acariciado pela multidão…
Ela gosta com muita devoção da ode,
Assim como das cantigas do seu serão!…

No cair da noite, o meu canto viajado
Vai aquecer-se na rústica fogueira…
Ao som dos pampas musicados
Fortemente, da serenata cavaleira!…

Quando se tece o dia de amanhã,
O meu canto está pronto para a viagem…
Sobe como de praxe as serras pampeiras
E depois vai visitar a gaúcha molecagem!…

Meu canto gosta de fazer longas viagens…
Como as fez na Grécia, em Roma e Portugal…
Mas nenhuma delas é tão inesquecível,
Quanto a esta deste pampeiro chaparral!…

Metamorfose

Sou cria do interior, gerada em noite de luar
Forjado na lida do campo em meio à geada
Tive infância bem vivida, não posso me queixar
Mas aprendi a ser gaudério, bem no início da empreitada

Já levantei bem cedinho pra olhar os bois na invernada
Acender o fogo de chão utilizando o braseiro
Já quebrei milho na roça, já cheguei de madrugada
Procurando os desgarrados que estavam no potreiro

Já amanheci acampado ao lado da cachoeira
Esperando o temporal pra sujar a água do rio
Preparando o anzol com a linha de primeira
Para pescar o dourado e vencer o desafio

Já amanheci mata à dentro, tirando tatu da toca
Dando lance de rede, para tirar as traíra
Nunca corri de briga, muito menos de chinoca
Índio “véio” peleador, se hoje encontro me admira

Tanta coisa eu já fiz, que às vezes até me espanta
Tantos bailes eu já fui, tantas prendas namorei
De tanta prenda bonita, só uma hoje me encanta
É a dona do meu rancho, chinoca com quem me casei

Para encurtar nossa prosa, já estou sentindo saudade
Tudo aqui é diferente do que eu estava acostumado
Larguei a lida do campo e vim morar na cidade
Aprendi a fazer versos para relembrar o passado
Não tenho muito dinheiro, mas tenho felicidade
Sou amado e sei amar, sou poeta apaixonado.

Luis Roggia 28/Jan./2010

declaração Mineira de Amor aos Amigos

Ocê é o colírio do meu ôiu.
É o chicreti garrado na minha carça dins.
É a maionesi du meu pão.
É u ciscu nu meu ôiu (o ôtro oiu – eu tenhu dois).
U rechei du meu biscoitu.
A masstumati du meu macarrão.

Nossinhora!
Gostu dimais da conta docê, uai.

Ocê é tamém:
O videperfume da minha pintiadêra.
O dentifriçu da minha iscovdidênti.

Oi procevê,
Quem tem amigu anssim, tem um tisôru!

Eu guárdêssi tisouru, cum todu carinhu ,
Du Ladu isquerdupeitu !!!
Dentru du Meu Coração!!!

AMU Ocê

Nossinhora!AMO Ocê dimais da conta, uai.
Bjãooooooooooo

Não se calou a voz de um “escravo”

Olha! Como o dia está belo lá fora
Mas aqui já está escurecendo
Tanto para mim como pra você
Mais eu não enxergo o brilho completamente
Daquela pedra que traz minha liberdade
E de tanto pensar já estou levando a carga de uma má sociedade.

A minha alma sei que um dia irá vagar
Só espero que o meu lamento não seja em vão
Porque nessa mina eu não confio em mim
E muito menos em você
Estou chegando ao poço de trabalhar
E nada ver
E a vida nos faz piada de ter nascido
Mais o homem branco só ver a cor como prestígio.

Agora! Eu trabalho com medo da frustração
Mais a minha ironia sabe que ela habita em meu ser
Medo! Um homem como eu cansei de sentir
Mas a chegada da morte todos teme em si
Para mim será um alívio tê-la aqui
Batendo em minha porta e adiantando o fim

Estarei melhor com Alá ao meu lado
Mas creio que um dia esse homem branco
Irá pagar pelos seus pecados
Zombando de mim e de minha crença
A dor do chicote era a recompensa
De tanto trabalho e suor que eu fazia
Cavando minas noite e dia

Agora! Sim estarei melhor de verdade
Pois enganei “o maldito”
A dor de cabeça fez-me a perder uma orelha.
Mas creio que não foi em vão
Com um pedaço de papel encontrei a salvação
Da liberdade e de meu ser
E hoje escrevo a vida de um homem outra vez
Pois minha voz eu jamais calarei!