O caboclo Malaquias e a caboclinha Dorvalina
Escreveram um romance nas linhas da aventura
Com o passar do tempo à senhora vida nos ensina
Que esses atos impensados nos castiga e recrimina
Com açoite do remorso nos enchendo de amargura.
O romance começou com os olhares e os gracejos
A chama do amor acendeu no coração adolescente
O incêndio se propagou através dos doces desejos
A aventura teve inicio depois dos primeiros beijos
Transformando em labaredas aquela paixão ardente.
O pai de Dorvalina um mineiro briguento perigoso
Proibiu aquele namoro empunhando o seu punhal
E prometeu bufando sangrar o pretendente corajoso
Que tencionava se lambuzar naquele fruto saboroso
E tentou naquela história colocar o seu ponto final.
Mas Malaquias determinado em possuir aquela flor
Traçou em sua cabeça um plano cheio de aventura
Preparou a sua charrete com seu cavalo marchador
Naquele dia sem demora levaria embora o seu amor
Pra morar em outras paragens e desfrutar sua doçura.
A Dorvalina apaixonada e sem nenhuma experiência
Aceitou o desafio esperando a tão sonhada felicidade
Começou a caminhar pelos espinhos da sua existência
Deixou no seu passado sua infância sua adolescência
E no coração do velho pai os sentimentos de maldade.
E o tempo foi passando, lentamente o tempo passou.
Malaquias e Dorvalina ainda continuam lado a lado
Há muito tempo para eles o que era doce se acabou
O fogo crepitante daquela louca paixão já se apagou
Hoje estão colhendo frutos do que foi mal planejado.
A mesma charrete que um dia serviu de fuga no passado
Hoje é puxada pelas mãos calejadas do velho Malaquias
Levando a Dorvalina três filhos já crescidos ao seu lado
Pelas ruas da cidade tristonhos sofridos desesperançados
Transportando ferro velho papelão e outras quinquilharias.
Pelas linhas da vida o romance agora em drama continua
Levando os seus personagens para um final imprevisível
Uma família sem esperanças vai perambulando pelas ruas
E o açoite dolorido do remorso em cada mente tumultua
Mas voltar ao passado e modificar já não é mais possível.