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PINTURA DE UM JARDIM – UM POEMA PARNASIANO
Hoje eu quero o mel dos cravos alaranjados do teu jardim
A se abrirem e a se sobrepujarem uns sobres os outros
Sob forma de aquarela
Formando um quadro mágico sobre a tela…
Eu quero todas as flores da tua floricultura encantada sobre mim
Quero repousar sobre os coloridos monsenhores
Num sonho lúdico e fantasioso
Num louco cenário extravagantemente misterioso
Me entorpecer e enlouquecer com teus multi odores
Quero me ver perdida entre as longas araucárias e os fortes eucaliptos
Entre os volumosos pés de manga e as suculentas goiabeiras
Entre os cheirosos cajueiros e as avermelhadas pitangueiras
E ali permanecer
Até o entardecer de nossas vidas.
Quero lânguidas papoulas a sombrear minha face do sol
Enquanto encorpadas tulipas massageiam e tocam minhas mãos
E velozes vagalumes vagam pelos ares conjuntos como um forte farol
E bravas formigas valentes estrategiam sua brilhante ação!
Eu quero observar os raios de luz atravessarem as copas das árvores
Potentes e luminosos a formarem clarões pela floresta!
Enquanto joanas de barros rompem clandestinamente seus cárceres…
Eu quero permanecer aqui até que amar seja tudo o que me resta
E tu te tornes meu mestre irmão e amante amado
E que juntos permaneçamos
Neste mundo encantado
Em que não pagaremos por nada do que pecamos
Para que aqui o felizes para sempre marche rumo ao infinito
E todas as nossas promessas bíblicas sejam finalmente confirmadas
Do sentimento mais puro, belo e bonito
De uma poeta que ousou ter asas!
Clarice Ferreira