Quando chega a primavera

Quando chega a primavera
depois de inverno comprido
a temperatura abranda
e o campo fica florido
Toda natura se mostra
com mais viço e colorido

São tantas flores que abrem
quando o dia traz seu lume
mostrando diversidade
em forma, cor e volume
e exalando pelos ares
seu precioso perfume

Chegando de muito longe
passa a brisa mansamente
sussurrando um segredo
que a relva é confidente:
quer o perfume das flores
espraiar no ambiente

Abelhas são atraídas
ao buquê de maior viço
onde recolhem o néctar
para levar no cortiço
escondido em um tronco
de um guapuruvu roliço

Borboletas que passeiam
visitando tantas flores
exibem asas de seda
nas mais variadas cores
deixando campo e floresta
cobertos de esplendores

Cambacicas se alimentam
gorjeando melodias
Se avistam marimbondos
nos ipês das cercanias
Beija-flores se aproximam
fazendo coreografias

A mariposa amarela
onde pousa ornamenta
Na três-marias florada
a vespa se movimenta
e a brisa deixa o barranco
alfombrado de magenta

Cai uma chuva de flores
nas águas de um açude
No jacarandá gorjeiam
os bem-te-vis amiúde
e a estação vigora
toda sua plenitude

Os morcegos conhecidos
por sua forma soturna
passam o dia escondidos
pendurados numa furna
e a noite visitam flores
na sua ronda noturna

No geral a passarada
canta muito mais feliz
Toda flora se embeleza
recebendo os colibris
e a natura é uma festa
nos dias primaveris

O RIO GUAÍBA

Onde trabalho o Guaíba
é a minha paisagem
Tem dias que esse rio
com sua mansa passagem
parece uma estrada azul
convidando a uma viagem

Se minha sala não tem
de Monet nenhuma tela
eu posso ver navegar
um suave barco a vela
que aparece de repente
na moldura da janela

No fim da tarde o sol
espraia a sua beleza
quando vem se contemplar
no espelho da natureza
e um poente mais bonito
não foi pintado em Veneza

Nossa capital cresceu
sugere a geografia
na banda leste do rio
só pra ver a poesia
dessa luz crepuscular
diferente a cada dia

É o pôr-do-sol no Guaíba
um momento especial
Eu não me canso de ver
no cenário fluvial
um matiz alaranjado
que nem parece real

Mas passou o rio do tempo
numa corrente furiosa
trazendo a degradação
de maneira vergonhosa
e a água que era doce
foi ficando amargosa

Quando ainda era limpo
naqueles tempos de antanho
as suas águas saudáveis
eram próprias para o banho
e a vazão de poluentes
foi um erro sem tamanho

Afluentes de detrito
nosso rio agora tem
Jacuí, Gravataí,
Sinos e Caí também
desembocam no Guaíba
os rejeitos que contém

Esgotos são o veneno
injetado em sua veia
Na vazante o rio fede
ficando escuro na cheia
e nas margens onde passa
devolve o lixo na areia

E esse lixo derramado
no seu curso caudaloso
vai deixando o pescador
cada vez mais mentiroso
o seu peixe mais escasso
e o povo mais saudoso

E devido a nosso rio
reter a cada momento
avalanches de sujeira
sem que haja escoamento
é chamado pelo povo
de esgoto ao relento

Diverso daqueles mares
que desde remotas datas
esconderam no seu leito
os tesouros dos piratas
nosso rio só acumula
pneus, garrafas e latas

Estudiosos discutem
se o Guaíba é rio ou lago
No campo da hidrologia
meu conhecimento é vago
Não aceito é que tenha
esse destino aziago

No entanto estamos vendo
que indústrias da capital
não resolveram problemas
de impacto ambiental
e a cidade está perdendo
o seu belo manancial

As águas são balneáveis
somente em Itapuã
As iniciativas são
Pró-Guaíba e Fepam
mas sem controle na fonte
toda esperança é vã

Um limpando e dez sujando
é agora um triste fato
Vamos ver se não houver
um controle imediato
se transformar o Guaíba
em um caldo putrefato

A cidade Porto Alegre
abraçada em sua curva
no caos da modernidade
deixa sua água turva
e diante do progresso
a capital se recurva

A cidade está matando
o seu primeiro amigo
Nosso rio está morrendo
sem merecer o castigo
e o curso das suas águas
é o seu próprio jazigo

As garças passam voando
serenas e elegantes
e descendo vão pousar
lá nos aguapés distantes
sem saber que o Guaíba
já não é mais como antes

Flor sem Raiz

linda és tu
bela tu és
formosa e graciosa
formosa e graciosa

flor sem raiz
cresce em qualquer lugar
flor sem espinho
nunca vai te machucar

o vento te balança
te arranca te leva
a vagar sem destino para qualquer lugar
teu perfume se espalhar como um virus uma praga
tua beleza é rara
nem o vento que te leva
apaga a tua beleza tua graça
a tua natureza

Estrelas da noite

Quando o sol acaba de se esconder,
A lua surge num instante,
O céu começa escurecer,
Num tom negro que é dominante,
Para muitos é um grande mistério,
Para outros é muito intrigante,
Enfim a noite toma conta,
E com ela uma imagem brilhante,
Todos na terra deviam se curvar,
Porque o universo é fascinante,
Toda a criatura fica admirada,
Com esta visão cativante,
Parece que as estrelas se movem,
Andando num passo galopante,
Parece que dançam num ritmo,
Que tem uma melodia alucinante,
Entre elas não há preconceito,
Sua união e constante,
Nunca se enchem de orgulho,
Tem sempre um aspecto hilariante,
Jamais entram em desacordo,
Obedecem Aquele que é seu comandante,
Aprenda a lição das estrelas,
E comece a importar-se com seu semelhante,
Numa noite de lua cheia,
O espetáculo é emocionante,
Faz o ser humano esquecer-se da tristeza,
E lembrar-se do amor que e o mais importante,
Na terra o espetáculo e da natureza,
Mas no céu o show cada estrela garante.

A Caverna

A caverna é um lugar escuro,
Onde se guardam segredos
Eu insisto em guardar o desespero
Mas não posso evitar o medo

Nela podemos som do eco
Aumentando em nosso ouvido a cada minuto
Como pode o silêncio nos apavorar
Sendo o abrigo a nos proteger do caos

O esconderijo de namorados
Guarda-chuva de rochas
Lugar onde a fauna se guarda
E depois acorda para um novo dia

Leblon

Como naquela segunda de manhã
Sentado num banco à beira da praia
Olhando as belas morenas passarem
Praia do Leblon, areia do amor e oceano da paixão

Praia de belas paisagens, cores vivas e paixão ardente
Lugar de Amores distintos e belezas exuberantes
Morena, pele de seda e da cor do verão
Praia de almas gêmeas, esse é meu Leblon

Leblon, praia do amor e da paixão
Onde as coisas acontecem e se firmam
Leblon, de areias profundas que guardam paixões
Esse é meu Leblon

Leblon, passarela da fama, estrada de paixões, calçadão do Leblon
É lá que as paixões se cruzam, começam e terminam
E depois recomeça com outras almas gêmeas, porque esse
É o meu Leblon

Várias forças

O medo tem cheiro.
O vento cortante.
Eu não uso, então recuso.
Isso tudo muito confuso.

A pressão é alta.
A pressão é alta.
Uma sanguínea,
Outra pessoal.

Na panela dê pressão.
Na panela coloca a depressão.
Isso tudo são forças
E contra-forças.

Desde a forca,
Até o peso da Orca.
Há-se força na contra-força,
Por existir a força.