ESPOSA DA SOLIDÃO

Felicidade que me esqueces
De um falso juramento;
Jurei amar a ti saudade
Prometendo casamento.

És viúva de um sorriso antigo
Que morreu em falsos lábios;
Quando a ti te dei abrigo
Desgraçado embriagado.

Felicidade que me aquece
Fidelidade sem tormento;
Jurei amar a ti maldade
No meu sangue violento.

És quem furta a alegria
Vontade no peito prostituída;
És quem luta saudade vadia
No peito doído à dor extraída.

Felicidade que me roubas
Que me arromba o coração;
Jurei amar a ti saudade
Só não esperava nesta tarde
Me casar com a solidão.

Pelo autor Marcelo Henrique Zacarelli
Maio de 2002 no dia 21
Itaquaquecetuba (sp)

AINDA SOU O MESMO

Produzido por Zacarelli

Ainda escrevo as mesmas coisas
Ainda sonho os mesmos sonhos
Ainda leio os mesmos livros

Onde anda meu coração
Esqueço que às vezes estou sozinho
As cifras que saltam do meu violão
Casa-se com as letras do meu desatino

Ainda falo as mesmas bobagens
Ainda choro quando vejo um filme
Ainda é tempo de acordar
E lembrar que estou vivo

Onde andam os meus pensamentos
Às vezes me perco em um vazio
Se faz canção o meu sentimento
A cura da dor acalenta-me do frio

A dor é uma estação passageira
Como uma foto que amarela com o tempo
Ainda sou livre pra amar
Ainda sou forte pra suportar
Um novo amor cicatriza as feridas
Ainda sonho os mesmos sonhos
Onde anda meu coração.

Pelo autor Marcelo Henrique Zacarelli
Mauá março de 2006 no dia 18

AMARELINHA

Risco de tijolo no asfalto quente
Lembro tua mão um retângulo desenhar
Sentada na calçada por vez impaciente
A espera de um carro depressa a passar ;

Arquiteta de um desejo de infância
Engenheira na vontade de brincar
Outrora a lembrança quando criança
Tão jovem no peito teima a visitar ;

A casca de banana sobre as mãos
Espera dentre o número acertar
A certeza quando erra de que não
Outra chance se a parceira vir errar ;

O pó do tijolo logo enfraquece
Na amarelinha do pula saci
Contorna o retângulo que jamais esquece
E acaba teu sonho com a chuva a cair ;

Despede do asfalto o sonho de menina
Das mãos pequenina o tijolo a quebrar
Dos pés à vontade de pular amarelinha
Que a chuva invejosa se apressa em apagar .

Pelo autor Marcelo Henrique Zacarelli
Abril de 2008 no dia 29
Village (sp)

"Nuvens"

“Fico a imaginar um jeito
de prosseguir andando
sobre nuvens.
No qual, abaixo de mim
estão civilizações de meu
turvo inconsciente.
Como seguir a olhar
este vasto universo e
deixar para trás
sentimentos que me levaram
a uma mortalidade não desejada?
Igual a um anjo sem asas,
vejo-me numa guerra
entre céu e inferno, onde
certezas não valem nada e,
dúvidas ecoam pela imensidão
que não está mais em mim.
Mas meu vôo é longo, pois minha
busca está em contrariar a curta
expectativa por mudanças.
Porém, quando estas chegarem,
causando divisões em oceanos,
eu verei o céu a se fechar.
E, em seu clímax,
aprisionarei minhas nuvens
de esperança rarefeita.
Com pés a flutuar,
hei de caminhar sob
a imortalidade de meus desejos.
Deixarei os buracos negros
sugarem vidas que
nunca me pertenceram e,
viverei a observar meu futuro
com olhos fixados em ventos,
Soltos em qualquer lugar.”

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