gavião da fiel

Seu voar era veloz
Parecia um avião
Quando a galera gritou…
Que lindo gavião!
Imitando um kamicaze
Descendo rasgou o céu
O povo todo gritava
É o gavião da fiel!
Seu grito de guerra é forte
Extremesse até o chão
Oooooh! oooooh! vamo,
Que vamo, meu timão!
Uma vez Corinthians
Sempre sempre gavião!!!
Um orgulho do Brasil
Uma honra pra nação!

Viva teu fugaz momento

Viva seu fugaz momento,
e depois, canta, canta, canta…
qual cigarra na primavera
seu amor doce e puro

Lança seu cantar sobre o deserto,
e depois, ecoa, ecoa, ecoa…
até o silêncio do vale e montanha
que haverá de cruzar no seu caminho

Viva seu instante pleno(a),
na cadeia do destino atar
o nó sinusal do amor que lhe enlaça
atrela feito corrente o querer…

AjAraújo, o poeta humanista, escrito em outubro de 1980.

A poesia é meu caminho

Um dia me disseram: "sois poeta"
Derramei lágrimas de tinta nas linhas do caderno
E, de tanto, acabei chegando ao fundo do poço
Não mais divisava as formas que escrevia, que pensava…

Não tem cores a vida do poeta na algia
Conhecer o universo ao redor é seu lema
Colorir a vida dos outros é a sua meta
E acaba deixando de viver a sua própria…

Escrevo, se sou poeta ou não, tampouco sei
Se o faço bem, em dúvida fico, e deixo no ar…
Escrevo por sentir que devo os fatos registrar
Existo simplesmente porque nasci…

A vida é constituída por uma série de fugas
Escolha algumas e falo a respeito delas
Se sai poesia, prosa ou conto, não me preocupa
Nem tudo que queremos, conseguimos, tentar é o que importa…

Não tenho tempo, também a pressa não cultivo
Se vaidade é mostrar o que faço,
Prefiro recolher ao baú o que descrevo
E se viver é aprender, como aprendiz testemunho

As cenas cotidianas
E as transformo em verso
Na busca das melhores rimas
Que pintem o poema como tela, sómente isso quero…

Será pouco? Ou muito… este poetar?

AjAraújo, o poeta indaga a si próprio acerca da arte do poetar, escrito em Setembro de 1976, a Fernando Pessoa, grande fonte de inspiração

A vida é uma seresta

A vida seria uma festa
Se fosse vivida em seresta

Se teu coração sem arestas
O amor deixe o coração com flechas

Se tua mente se expande aberta
Esses instantes abrem frestas na janela

E assim, a vida seria de fato uma festa
E eu, tu, nós festejaríamos a paz, a harmonia…

No encanto de uma bela seresta.

AjAraújo, o poeta humanista, escrito em Conservatória, RJ – cidade das serestas – em Setembro de 2003.

A canção da areia

Em um movimento feito ondas
Finas camadas de areia
Desprendem-se das dunas
Da Praia do Braga

Enquanto a vegetação rasteira
Segura o ímpeto dos jovens grãos
A silhueta da paisagem se altera
Esculpida pelo vento com habilidosas mãos

Ao crepúsculo, o sol deita seus últimos raios
Sob o espelho d’água, como cachos dourados
Com a baixa da maré, a chegada das gaivotas
Rebuscando a areia, junto aos últimos banhistas

Na volta para casa, crianças escalam
Estas dunas, como uma onda surfam
E é possível ouvir a dança de areia e vento
Neste alegre e bucólico cenário

As dunas como um corpo em movimento
Brincam e desenham formas no espaço
E é possível ouvir um cântico
Uma canção de areia, feito um pórtico…

AjAraújo, o poeta humanista, escrito em 30/11/09.