Saudade…(Vinícius de Moraes)

Um dia a maioria de nós
irá se separar.
Sentiremos saudades
de todas as conversas jogadas fora,
das descobertas que fizemos,
dos sonhos que tivemos,
dos tantos risos e momentos que
compartilhamos.

Saudades até dos momentos de
lágrimas, da angústia, das
vésperas de finais
de semana, de
finais de ano.
Enfim… do companheirismo
vivido.

Em breve cada um vai pra seu lado,
seja pelo destino,
ou por algum desentendimento,
segue a sua vida.
Talvez continuemos a nos encontrar.
Quem sabe, nos e-mails trocados…

Podemos nos telefonar,
conversar algumas bobagens…
Passarão dias, meses, anos…
até este contato tornar-se
cada vez mais raro.
Vamos nos perder no tempo…

Um dia nossos filhos verão aquelas
fotografias e perguntarão:
Quem são aquelas pessoas?

Diremos que eram nossos amigos.

A saudade vai apertar
bem dentro do peito.
Vai dar uma vontade de ligar,
ouvir aquelas vozes novamente…

E isso vai doer tanto…

Quando o nosso grupo estiver incompleto…
nos reuniremos para um
último adeus de um amigo.

Entre lágrimas, nos abraçaremos.
Faremos promessas de nos encontrar
mais vezes daquele dia em diante.

Por fim, cada um vai para o seu lado
para continuar a viver
a sua vida isolada do passado.
E nos perderemos no tempo mais uma vez.

Por isso, fica aqui um pedido
desta humilde amiga:

não deixe que a vida passe em branco
e que pequenas adversidades
sejam a causa de grandes tempestades…

“Eu poderia suportar,
embora não sem dor,
que tivessem morrido
todos os meus amores,
mas enlouqueceria
se morressem
todos os meus amigos”

Eu Acreditei…

Um dia disseste que vinhas. Eu acreditei.
Um dia disseste que vinhas. Eu esperei.

Um dia, há muito tempo, num adeus sofrido,
disse-te que te ia sentir a falta.
Disseste que não. Mas sabias que sim.

Quis saber se seríamos amigos de verdade para sempre.
Disseste que sim. Mas sabias que não.

Um dia….ainda no tempo dos segredos,
quando até as esperas faziam sentido.

E eu esperei.
Que viesses.

Contei os segundos que se tornaram minutos,
que galgaram o tempo e se transformaram em horas.
Horas moles, como todas as de quem espera.
Como se o tempo corresse tão devagar para nós, que esperamos.

As horas viraram dias…
e eu nem reparava que a Primavera
já tinha iniciado a sua transformação.

Distraida por esperar por ti.
Ou esperava por nós.
Nós que nunca o fomos
e eu que só queria sermos capazes de sermos nós.

E a Primavera tornou-se Verão.
E os dias viraram longos
e as noites que nunca mais terminaram.
Sempre à espera.

Já não havia pôr do sol,
nem bosques encantados,
nem vales, nem montanhas,
nem principes…

já não haviam palavras
nem letras nem poemas.

Já não havia uma chuva miudinha…
já não havia um farol nem ondas no mar.

Tudo mudou
enquanto eu remoía em mim
um sentimento, devagarinho.

Fiz tudo errado.

Tive coragem. Liguei.
Tu não vieste.

Nem nesse dia, nem nunca mais…
E eu acreditava que um dia…um dia…

Hoje já não acredito.
Não posso. Não consigo.
As palavras, por si só, de nada valem….
e eu queria tanto acreditar outra vez!

Como quis acreditar um dia, em ti.
E nessa busca para te acreditar,
passou a Primavera…

E eu à tua espera…
quando tu já eras ausência.
Esperando que fosses embora sem partires,
que te guardasse para sempre em mim.
Já sem doeres.

Um dia que sem nada ter, te quis.
Faz um dia uma eternidade…
Um dia que me perdi algures em mim.

E mesmo assim perguntei:
– Ainda gostas de mim?

Disseste que sim.
Hoje eu sei que não…

Ajudei a te perder

Minha paz se perdeu
Quando tentei te entender
Quando assumi seus problemas
Tentando os resolver
Quis evitar que sofresse
Que sua calma perdesse
Que a chama do ódio
No coração lhe acendesse

E assim eu perdi
Além de paz e alegria
O amor e a esperança
Que eu meu peito surgira
De tê-la comigo, feliz em harmonia
Sem feridas abertas
Sem mágoas, nem agonias.

Estranho

A poeira levanta na estrada de terra roxa
E faz chover sobre a minha alma coxa
A solidão que se vai caminhando comigo
Eu sou tão esquisito…
Comido vivo pelos malditos mosquitos
Andando calado
Sinto-me surrado (pela vida)
Sinto-me curado (pela morte)
Este sol que estala o meu crânio
Que queima o meu corpo
Neste lugar estranho
Com sua vida pacata, mansa
Mas que esconde o soturno
E o pesadelo sombrio…
E inquietante meus mil olhos vibrantes
Arregalados de meu pensamento
Podem ver alucinações
Demônios e dragões
E todo o tipo de magia infernal
Que não existe neste plano astral…
E eu vou caminhando sob esta lua
Transpirando a solitude
A beira da loucura
Viciada pela esquizofrenia
A minha pele fria, escamada
Cheia de bolhas, descascada
E mesmo assim vou-me indo
Mundo afora
Sem rumo, me sumo
E vou, e vou, vou, vou…
Sem destino
Fraco e fino
Louco e tino
Maltratado…
Judiado…
Como um mongol
Sob a luz escaldante do sol
Não sei pra você
Quanto pra mim
Mas este será o meu fim – Ai de mim
Caminhando ao encontro da morte, sim
Eu vou assim…
Eu vou, ah sim!!!

Agonia

Um estranho pesar me acomete
Um aperto continuo me destrói Quero gritar…Quero correr…Me perde Para poder gritar…sorrir…chorar e me encantar

Minha alma clama
Meu corpo reclama
Minha vida me chama
Minha libido em chamas

Tenho que me acalmar
Me centrar. E sozinha me acalentar
Agonia estranha que me pega me domina
Sem nunca avisar sem nunca me preparar

Chego la no fundo do meu ser
Quase me afogando de dor paixão ilusão
Mas quase sempre no ultimo momento Em um fôlego só dou um grito estrangulado calado
Um grito de dor de horror e volto
Volto correndo… Volto a ser…
Um ser centrado e apaixonado E quase sempre calado

sllm

Superado Você

Algumas pessoas vivem seus sonhos
Algumas pessoas fecham seus olhos
Algumas pessoas veem seu destino
Passar por elas

Não existem garantias
Não existem alíbis
É assim que nosso amor deve ser
Não pergunte por que

Leva algum tempo
Deus sabe quanto
Eu sei que posso te esquecer

Assim que meu coração parar de bater
Prevejo que
Assim que o eterno acabar
Terei superado você

Lembrando de tempos passados
Promessas feitas uma vez entre nós
Quais são as razões porque
Nada permanece o mesmo

Houve noites em que te abraçava bem perto
Algum dia eu tentarei esquece-las
Algum dia terei superado você

Me abrace

Me abrace
Como o Rio Jordão
E então eu lhe direi
Você é meu amado

Leve-me
Me ame
Você estará lá?

Quando cansado
Me diga se você vai me segurar
Quando errado você vai me dirigir
Quando perdido você vai me achar?

Mas eles me dizem
Um homem deve ter fé
E seguir mesmo quando não dá
Mas eu só um humano!

Todo mundo quer me controlar
Parece que o mundo
Tem um papel para mim
Estou tão confusa!
Você estará lá para mim
E se importar o suficiente para me suportar?

(Me abrace)
(Encoste sua cabeça devagar)
(Suave e corajosamente)
(Me leve até lá)

(Me guie)
(Me ame e me alimente)
(Me beije e me liberte)
(Me sentirei abençoada)

(Me leve)
(Me leve com coragem)
(Me levante devagar)
(Me leve até lá)

(Me salve)
(Me cure e me lave)
(Suavemente me diga)
(Eu estarei lá)

(Me levante)
(Me levante devagar)
(Me leve corajosamente)
(Me mostre que você se importa)

No nosso momento mais sombrio
No meu pior desespero
Você ainda vai se importar?
Você estará lá?
Nas minhas provações
E minhas tribulações
Pelas minhas dúvidas
E frustrações
Na minha violência
Na minha turbulência
Pelo meu medo
E minhas confissões
Na minha angústia e minha dor
Pela minha alegria e minha culpa
Na promessa de um
Outro amanhã
Nunca deixarei você partir
Pois você está no meu coração para sempre.

Ex – amor

Ex – amor

Podes partir, nada importa mais agora…
Tuas desculpas, teus gestos, teu amor!
O que restou é esta alma que chora
As dissidências do teu rude desamor!

Como é fácil deixar um coração incolor!
Voeja!…Não tenho emoção, nesta hora!
Podes partir, nada importa mais agora…
Tuas desculpas, teus gestos, teu amor!

Um amor verdadeiro, sempre revigora.
Falsas palavras agem a nos decompor…
Cansei das tuas inverdades sem mora.
Acha outra alma incauta a teu dispor.
Podes partir, nada importa mais agora…

Denise de Souza Severgnini