Faróis do Inferno

Aquela suave menina, correndo apressada,
Becos e vielas, o som de seus passos,
Ecoam na noite, de maneira aguda,
Castelos em ruinas, sombras se desfazem,
A escuridão ameaçadora, envolvendo seu pequeno mundo,
Desejos de menina, jogados fora, na lama,
Seu corpo pedindo, implorando um minuto de descanço…

Ela precisa correr, correr, mais do que nunca,
Para longe, bem longe destes olhos famintos,
Luz triste que vaga, a procura da presa,
Ela pode sentir, o halito doce de maçã,
Tocando a sua respiração, o despertar violênto,
Invadindo o seu corpo, a inocência,
Perdida no brilho do farol…

Faróis do inferno, a luz que queima,
Escuridão que protege, seu ar desesperado,
Ela sente a violência e o desejo,
Garras penetrando fundo na carne,
O sangue que corre por suas pernas,
Um grito selvagem que se faz ouvir,
O riso sinico, olhar insano,
Olhos dementes, unindo-se as partes,
Juntos num longo beijo, sufocados,
Olhar baixo, dissimulado,
Para sempre juntos, como um só,
Mãos dadas, lado a lado,
Em direção aos portais do inferno…

Quero paz

Eu quero paz,não aguento mais esses conflitos dentro de min, eu só quero paz.Traga em minha mente,o silencio da noite e em minha alma a luz do dia eu só quero paz.Tire essas iluzôes dos meus pensamentos,pois em minha vida não suporto mais,eu só quero paz.

2012

Ontem tudo parecia claro e exato,
Enxugarei suas lagrimas,a escuridão,
Toma conta de tudo ao nosso redor,
O dia não terá um amanhã…

Estou voltado para dentro de mim mesmo,
Lembrando dos velhos dias, aonde o riso,
Saia facil, transformando as esfinges, perplexas,
Num movimento delicado, seres inanimados,
Vestidos de humanos que vagam,não se sabe para onde…

Vi a escuridão, A sua volta o dia não amanheceu,
Sentido oposto, a vida de mãos dadas com a morte,
O amanhecer cinzento e sufocante,
Vi suas mãos suadas, tremulas, como pedinte,
Buscando abrigo no vazio da noite…

O vazio dos olhos cheios de lagrimas,
Na certeza mentirosa do que poderá acontecer,
Vi e senti, a morte, como se vive,
E se sente um dia feliz, um dia feliz de verão,
Em 2012 tudo está próximo do fim,
A incerteza de estarmos juntos, unidos,
Num abraço carinhoso, a misteriosa morte,
Estamos bem próximos do fim…

Ainda assim insisto…

Será o momento de parar
e pensar um pouco…
quem fui?
quem sou?
quem serei?

No instante da sublime queda do pingo d´água vejo a chuva lentamente escorrendo na vidraça
e a sua breve canção no vento…

São tantos os presságios que me assaltam
As amarguras, a paisagem agreste
O mar que sussurra ao longe
E o cheiro de algo no ar…

a quem sirvo?
a que sirvo?
para que sirvo?

No fecundo momento de lutar por algo que acredito ou acreditava?
Será que existe um idéia que floresça neste solo árido?
No grande areal, vazias mentes, dementes ou, quiçá tormentas, tempestades de areia.

Que existe algo por trás da chuva que é a sensação de lavar as superfícies
porém, esta chuva fina é incapaz de retirar as impurezas que existem por dentro das pessoas vulgares, que a tudo banalizam…

Um temporal assusta,
arrasta, mas rapidamente passa,
deixa impressões e medos,
gera temores, mas, vêm logo a bonança

A fina chuva fica lenta,
vagarosa a corroer as barreiras,
a formar poças, a produzir desastres,
a soterrar, a desabrigar.

Temporal, tempestade, chuva fina ou garoa
Remetem a uma analogia com o ser humano
Cujo comportamento vai da omissão à descrença
Do oportunismo ao clientelismo
Às vezes são gente – gentis, gentileza
Outras vezes são vermes – arrogantes, avareza…

AjAraújo, o poeta humanista, escrito em Agosto de 1990.

Amarga existência

Ao cair da tarde…
vêm notícias do porto
chegam na maresia e correntes do sul
o cais já adormece
os pescadores enxugam as gotas do suor
e caminham exaustos, tontos
no retorno ao distante lar…

A vida que se repete…
nos comboios, trens que cruzam
e atravessam espaços
linhas de nossa aventura
por este tempo distante
de nosso próprio horizonte…

Às vezes uma brisa se sente…
a percorrer os poros,
como a cantar uma última canção
da terna natureza abandonada
na vastidão de arranha-céus…

Somente uma vaga luz…
por entre as trevas
onde caminha a humanidade
será capaz de conduzir o rebanho..

Ainda que digas não,
chega, basta,
o perfil do mundo, não mudarás
de um instante para outro…

Pois, são vagas…
perdidas na ampulheta do tempo
que se esvai como estrela cadente…
São vagas e nada mais
o que a pena descreve
nesse desfile da amarga existência…

AjAraújo, o poeta humanista reflete nos verdes anos da vida, escrito em Setembro de 1974.

engano!

o nosso amor está se acabando.
ja não consigo acreditar numa palavra sua!
tô cansada de sofrer sozinha…
eu digo que sou feliz mais se olhase para os meus olhos veria
a tristeza que está nele!
se você se emportasse com migo
veria que o meu coração está em pedassos!
eu busquei a felicidade em você
mais só encontrei mais tristeza e
solidão!