VÃ FORMOSURA

Nunca mexi co´a fantasia feminina…
Vede tanto jovem que melhor o perfila…
Alguns deles, cujo gênio forte destila
O que não destilo na graça masculina…

Assisto só desta obscuridade viperina
À legião narcísea a beber da tequila…
Corrupta por sua vez, do Adônis que candila,
Inda mais alui-se no claustro da ruína?!…

Assim morre consigo o moço beberrão,
Que demonstra que a sua formosura baldosa
É um criadouro de enganos e mil astúcias…

Que pena que nasceste da atra tentação…
Tu, devasso jovem, tornas indecorosa
Tua alma translúcida de preclaras fidúcias…

os anjos não voam.

Olhando de um edificio,
O movimento apressado das pessoas,
Nas marcas em seu rosto, a essência do divino,
Não há esperança, só um estranho aperto no peito.

Sua grave tristeza, o saber não muda,
Todas as desilusões, da eterna vigilia,
No seu canto, a melodia que não se ouve,
História repleta, de todos os séculos, perdidos,
Em que homens, buscando ser anjos, foram…

Eles não sabem, eles não ouvem,
Seu egoismo, luta pela vida, os sonhos,
Elementos de todos os homens e mulheres,
Pequena segurança, crêr no futuro,
Somos todos anjos sem essência, felizes,
Todo anjo na essência, observa quieto,
Indiferente, triste, sua eterna vigilia,
Mais do que tudo seu abandono…

amor cruel!

Que amor cruel
amor que só me faz sofrer
amor que só dar em lagrimas
e tristeza
mais fazer o que se te amo
queria que meu amor fosse corespondido
que você cumprisse com sua promessa de nuca me deixar
de não me fazer chorar
de me fazer feliz
porque te deixei me enganar tanto
na esperança de ser amada me machuquei mais
e agora sofro sozinha
como sempre sem você!

Ratos do Vaticano

Os restos da sua mesa, são meu pesadelo,
Alimentam a fome, nossa falta em nome de Deus,
Ceia de cardeais, acorrentados a fé,
Velhos, homens, iguais, meio humanos,
Nas vestes vermelhas, o sangue que se derrama,
Não se importam, é apenas,
Um jogo, um drama, na liturgia, a palavra que se ensina,
Todos seguindo em sua fila,
Sem perguntar a razão, o por que?

Ratos do Vaticano, vocês não me enganam,
Só poderei encontrar Deus, muito alêm destes muros,
Na palavra pregada, a incerteza do que diz,
Soluçando, chorando, um sussurro no ouvido quente,
A fé que transforma, nos faz crêr,
Num mundo diferente, deste de vocês…

Lá fora, já é outro mundo, já amanheceu,
O sangue que a milênios corre, na história,
Tudo já se foi, ou morreu, sem que lhes,
Importe, o sofrimento alheio a pobreza,
A diversidade da maldade, a essência da loucura,
Que faz do homem, escravo de si mesmo,
Nos servindo em suas mesas, como banquete para os ratos,
Ratos do Vaticano, ratos do Vaticano…
Ratos do Vaticano, ratos do Vaticano..

Vivo na manhã dos dias

Sou uma migalha de gente
Sem pátria, sem chão, cigano
Oculto no solo árido
Nas dunas do deserto no oriente

Quase pisado, qual formiga
Recolhido em minha insignificância
Estou só, triste, estático
Nada tenho, nada quero

A nada pertenço, tampouco busco
Sem seita, sem vínculo
O que posso fazer?
Qual legado deixar?

Escondido de mim, feito caracol
Mergulhado no interior da concha
Estrangulo minha débil força
Apago sereno feito luz do distante farol

Morto-social em firme propósito
Ando como autômato
Mergulho nas noites de penumbras
(Sobre)Vivo na luz da manhã dos dias.

AjAraújo, o poeta humanista, escrito em Agosto de 1976, durante uma crise existencial.

Eu te @mo?

Frase ridicula,
clichê que ecoa pelo mundo
tanto faz ama-la
ela não te quer por um segundo

Amor é dor,
que pulsa sem se ver
vem do interior
corroendo até onde der

uma poesia ridicula
de um jovem rejeitado,
não leia, vá embora,
não se de o trabalho
de valorizar um pobre coitado.

Diário de uma prostituta

Alguns traços deformados, sob a luz das estrelas,
O vicio seu melhor personagem, a bolsa vazia, a espera,
Mais um cliente, a noite parece pequena,
O movimento dos carros, a luz explosiva que esconde,
Mais do que revela, luminosos piscando,
A solidão dos aflitos, gritos ecoam,
No silêncio da esquina, a droga sua parceira,
Na fumaça branca do seu cachimbo, ela conta estrelas,
Riscando no chão, sentada na calçada fria,
Uma linda aquarela, de multiplas cores, seu sonho, sua magia…

Não mais que uma criança, nos seus ares,
Sedução e vicio, a carne no seu estado mais puro,
Uma menina, ninguem sabe sua origem,
De onde veio, e nem para onde ira,
Seu lamento silêncioso, discreta dor…

O pecado dos homens, no desejo que se soma,
Labios vermelhos, numa enorme boca, macia,
Pesando na cabeça algumas doses, seu corpo perfeito,
Deusa grega, a alma apertada, em pedaços,
Todas as desilusões, recaida nos ombros,
Sua saia curta de couro, seus saltos altos,
Compoem este figurino, um cenario de lixo e abandono…

Mais um cliente, sexo, volúpia, dinheiro,
Nenhum carinho, seria esta a esmola que tanto deseja?
Não há culpa, por usar seu corpo,
Quase virginal, seu sorriso triste,
Não traz a esperança do tempo, mas toda violência do vicio que existe…