Nosso Remedioo

Um dia tudo que era sonho se tornou pesadelo
O que era raro se tornou comun
sua voz com o tempo se vaii
assim como as folhas que se vão com o vento
minha alma se destroi meus pensamentos
voam e continuam em vc
eu tento Gritar o desespero é maior
Mas eu seii que O melhor remedio para
Nosso mal é o Tempo

eu luto por tii eu te peço Não me deixes escapar entre seus dedos
e vc Não me ouve

e mais uma vez aquilo que é raro se torna comun

Ou meu amor a nossa cumplicidade é nosso remedoo

pra que perder para saber o valor de duas almas entrelaçadas?

Não fuja …

A eternidade é nosso Remedioo

Solidão Imensa

Não há solidão maior que a minha
que me maltrata e me faz tremer
que me faz seguir sempre sozinha
sob a luz do anoitecer.

Meus olhos já não vêem
minha boca não sente mais gosto
minha alma é ninguém
sobrevivo a contragosto.

Vou caminhando
resignada, mas chorando,
aceito o destino que me condenou.

Estou só e não finjo surpresa
para onde sigo, afinal, nem comigo mesma
eu vou.

Marcela Arôxa

Devaneios finais

Estou seca. Inteiramente.
Não desejo nem receio
sobrevivo simplesmente,
não destruo nem semeio.

No meu céu já não há mais brancura
só um triste entardecer.
Tudo, de repente, perdeu a ternura
mas não temo a morte: deixarei acontecer.

Já não ouço mais os pássaros cantando
e, seguindo a lição deles, embora negando,
também resolvi emudecer.

Não me importa mais.
O tempo, em seus devaneios finais,
não me fará enlouquecer.

(A morte é só o morrer…)

Marcela Arôxa

Rotina entediante

Todos os dias, ao me acordar,
me lembro e me esqueço
me renovo e esmoreço
num sobressalto assustado
de mais um despertar.

Me levanto,
bebo uma água sem gosto
e me lavo,
sem esperar me limpar.

Me olho no espelho
me assusto e me chateio
porque a imagem refletida
revela o meu pesar.

Vou ao trabalho
num tédio sem fim…
imploro ao tempo
que apresse seu ponteiro
e tenha piedade de mim.

Mas o tempo custa a passar
tornando meu dia penoso
e eis que dói em todo o meu corpo…

Porque quando, enfim,
eu me concentro
do nada eu me relembro
do grito sufocado
que, infelizmente,
nunca saiu de mim.

E quando, finalmente,
volto para casa,
sorumbática, calada,
eu me rendo à insensatez
pois serena, enlouqueço
e louca eu me esqueço
de tudo outra vez.

Marcela Arôxa

Estilhaçada

As vezes, lá no fundo
eu me sinto fluída
e, qual alma de um corpo recém-saída
eu já não pertenço a esse mundo.

É que estou vazia,
pobre de minha própria fortuna
repleta de coisa nenhuma
muda em minha melancolia.

Estou estilhaçada
em mil pedaços ensanguentada
presa a uma vida-sem-vida que renego.

Ah, se eu pudesse, como um rio convergente
somar meus múltiplos egos
e me tornar una novamente!

Marcela Arôxa

Julgamento final

Julgamento final

Vejo um clarão anunciar

mais um julgamento.

Percebo, de repente, o vento imitar

as vozes dos ímpios, em tormento.

Não há mais clemência

tudo ali faz ressurgir o mal

que, agora, trará consequências…

É chegado o momento final.

Observo-os, calada,

perderem, aos poucos, a nitidez

para sempre condenada.

Acordo. Ainda não é a minha vez

jejuo e sangro num grito de apelo…

um dia afinal, não será só um pesadelo.

Marcela Arôxa

Alquimia Poética

Alquimia poética

Quando escrevo sou transparente
não importa o medo que eu sinta:
eu me revelo buscando o consolo ausente
que cada verso me traz… em cada pingo de tinta.

Ao me expor encontro esteio
aniquilo a dor da profana recordação:
vou aprendendo a transformar o feio
ao lhe impor o carma dourado da perfeição.

Não tenho razão para ser otimista
por isso minha poesia, quase sempre proclama
meus reflexos internos de tristeza e drama!

Mas se, qual esforçado alquimista,
um dia eu transforme chumbo em ouro…
… feliz me desfarei de meus tantos "tesouros"!!!

Marcela Arôxa

Desisti de mim

Estou me abandonando
Desisti de mim, completamente,
só desejo ir ficando
cada vez mais ausente…

Sei que pareço covarde
por desistir de lutar
mas é preciso ter coragem
para saber quando recuar.

Irei resignada
e, no nada me encontrarei.
No fim serei o próprio nada
mas, sendo nada, o que serei?

Deixo todos em melhor estado
Nada serei…
Ninguém ficará preocupado
e eu, sendo nada, tudo serei.

Com serenidade
minha sorte seguirei,
não deixarei saudade
e, sendo nada, também não a sentirei.

Marcela Arôxa