Queixumes dos tempos

Aquela andorinha
A voar no espaço
Langorosa em sua dor
Vai levando consigo o descontentamento
Conhece bem os costumes dos queixumes
Tempos resumidos em desordens
Fluíram discórdias nas calamidades
Cativas seduz influencias atenção
Veja andorinha onde vais parar
Nesse teu vôo que mistério hás em descobrir
Desde então terás o fim da missão!

Vivendo o Fim

Já não suporto mais viver assim,
Que não viva e pronto,
Não quero sentir mais uma vez isso,
Como se não estivesse vivendo o meu filme,
Mas vendo o resumo dele,
O final.
Já não posso ser assim tão triste,
Melancolica e sozinha em um canto,
Esperando sorrindo a morte chegar.
Não posso,
Não devo,
Não quero,
Não suporto.
Mas também não estou pronta para ir,
Não conseguindo fingir estar bem,
E não enfrentando os medos por medo,
Sendo eu covarde para tentar.
Só resta a mim ficar só,
Esperando minha unica amiga,
A Morte!

Dias de hoje

Eu levanto da cama
Já quando ela não me aguenta
E vou tomar meu café
Não me importa se já é da tarde
E com o café vou engolindo
O dia todo que vem pela frente
Me enche e parece que não para
Empanzinada eu volto à cama,
Mas começo a regurgitar o tédio
Que engoli o dia todo que veio
Num refluxo eu empurro com o bucho
Dia após dia enojada
Com aquela baba de secreção
Da mentira, da injustiça
Dia após dia…

O trajeto de uma lágrima

Numa face contra um reflexo
Acompanhei a trajetória de uma lágrima
Inundou meus olhos e desceu
Transbordando e despencou abaixo
Mesmo com barreira correu,
Passou lentamente por entre
A face rosadas e o nariz
Contornou e foi morrer
Nos secos lábios

Num rosto contra todo um espelho
Notei o caminho que linha invisível
Saiu transbordando num rosto
Pulou esta dos olhos direto
A face e seguiu…
Num curto espaço deu de encontro
Ao abismo que termina num queixo
Que treme as emoções

Olhar que chora sem saber
Que uma lágrima se suicidou
De seu queixo ao chão
Pra ser pisado pelos vilões
Lágrimas que verteu sangue
E se foi morrer num abismo
Ou de silêncio ou de trevas.

Tão curto o trajeto de uma lágrima
Que de dor tão veemente… mói
Se transborda e segue até que cai
E a um chão tão sujo e duro vai
E debaixo das solas que nem notam
Um rosto triste que por ali passou

A lágrima se seca sozinha, evapora
E os donos olhos delas vai embora
Com a dor amena, em holocausto
Que tuas lágrimas em suicídio
Se renderam a escuridão
Pra amenizar teu sôfrego coração.

ÀS CEGAS

Vivo
Em um processo
Voluntário
De abandono

Pálido

Em gotas

Nas multifaces
De alguém
Que escreve

Vivo e morro
Todo dia

Ampulhetas explodem por onde passo
E ondas de areia enchem meus olhos
E cegamente
Vou tateando
Sem noção
De tempo

Num caminho
Para um poema novo
Estético
Romântico
Patético

Transpirando lâminas
Atingindo o alvo

(sem querer)