Um dia disseste que vinhas. Eu acreditei.
Um dia disseste que vinhas. Eu esperei.
Um dia, há muito tempo, num adeus sofrido,
disse-te que te ia sentir a falta.
Disseste que não. Mas sabias que sim.
Quis saber se seríamos amigos de verdade para sempre.
Disseste que sim. Mas sabias que não.
Um dia….ainda no tempo dos segredos,
quando até as esperas faziam sentido.
E eu esperei.
Que viesses.
Contei os segundos que se tornaram minutos,
que galgaram o tempo e se transformaram em horas.
Horas moles, como todas as de quem espera.
Como se o tempo corresse tão devagar para nós, que esperamos.
As horas viraram dias…
e eu nem reparava que a Primavera
já tinha iniciado a sua transformação.
Distraida por esperar por ti.
Ou esperava por nós.
Nós que nunca o fomos
e eu que só queria sermos capazes de sermos nós.
E a Primavera tornou-se Verão.
E os dias viraram longos
e as noites que nunca mais terminaram.
Sempre à espera.
Já não havia pôr do sol,
nem bosques encantados,
nem vales, nem montanhas,
nem principes…
já não haviam palavras
nem letras nem poemas.
Já não havia uma chuva miudinha…
já não havia um farol nem ondas no mar.
Tudo mudou
enquanto eu remoía em mim
um sentimento, devagarinho.
Fiz tudo errado.
Tive coragem. Liguei.
Tu não vieste.
Nem nesse dia, nem nunca mais…
E eu acreditava que um dia…um dia…
Hoje já não acredito.
Não posso. Não consigo.
As palavras, por si só, de nada valem….
e eu queria tanto acreditar outra vez!
Como quis acreditar um dia, em ti.
E nessa busca para te acreditar,
passou a Primavera…
E eu à tua espera…
quando tu já eras ausência.
Esperando que fosses embora sem partires,
que te guardasse para sempre em mim.
Já sem doeres.
Um dia que sem nada ter, te quis.
Faz um dia uma eternidade…
Um dia que me perdi algures em mim.
E mesmo assim perguntei:
– Ainda gostas de mim?
Disseste que sim.
Hoje eu sei que não…