Que não possa mais escrever
Que de meu rosto o sorriso se apague
Que o abraço da Tristeza me afague
S'eu de ti m'esquecer.
Humilde albergue que possa me acolher
Jamais encontre no meu peregrinar
Em meus mártírios venha o mundo a escarnecer
Se a tua lembrança eu abandonar.
Que a negra rosa da Saudade
Na minha estrada esteja a florescer
Que me conceda o ósculo a Dama da Infelicidade
S'eu de ti m'esquecer.
Em minhas mãos em áspide venha a se transmutar
No mesmo instante a flor que eu for colher
Em fel a fonte em que meus lábios chegar
S'eu de ti m'esquecer.
Qual sombra de precito entre os viventes seja
E passe meus míseros dias a gemer
Que a aurora da Esperança não mais veja
S'eu de ti m'esquecer.
E que não seja florido
O sepulcro em que eu jazer
Por todos viva e morra preterido
S'eu de ti m'esquecer!